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ÁGUAS DE JUNHO

Chuvas do mês afetaram quase 830 mil

Moradores de condomínio construído com recursos do Minha Casa Minha Vida tiveram de sair às pressas em Francisco Beltrão | Divulgação/ Prefeitura de Francisco Beltrão
Moradores de condomínio construído com recursos do Minha Casa Minha Vida tiveram de sair às pressas em Francisco Beltrão (Foto: Divulgação/ Prefeitura de Francisco Beltrão)

O mês de junho teve três períodos que causaram transtornos aos paranaenses. A Defesa Civil ainda não pôde fechar o balanço final dos danos porque em muitos locais a água não baixou. Mas, na soma dos números levantados até ontem foram pelo menos 828.730 afetados em mais de 150 cidades. Os prejuízos no estado ultrapassam os R$ 613 milhões (em uma soma não oficial feita dos relatórios da Defesa Civil). Além disso, 46.781 foram desalojados (deixaram suas casas e se hospedaram na casa de parentes) e 6.521 ficaram desabrigados (deixaram suas casas e se hospedaram em abrigos públicos).

O temporal que causou mais estragos foi o registrado no início do mês, entre os dias 5 a 12 de junho. Nesse evento meteorológico, segundo a Defesa Civil do Paraná, 824.058 pessoas foram afetadas, com 43.850 desalojadas e 6.393 desabrigadas. Ao todo, 11 pessoas morreram e 229 ficaram feridas. A estimativa de prejuízos no estado nessas chuvas é de quase R$ 603,4 milhões (R$ 356,3 milhões em patrimônio público e R$ 247,1 milhões em patrimônio privado).

A região com mais problemas durante essas primeiras chuvas do mês de junho foi o Sul do estado, com dificuldades principalmente em União da Vitória. Nesse município, 3 mil casas foram danificadas e duas ficaram completamente destruídas. A cidade teve 65 feridos e decretou situação de calamidade pública após ser atingida. Até hoje, em alguns bairros, as famílias não puderam voltar para casa. Na cidade ainda havia, até ontem, 10 mil desalojados e 90 desabrigados.

No período entre 13 e 14 de junho, temporais afetaram 3.577 pessoas, em seis cidades. As chuvas deixaram 2.004 pessoas desalojadas e 15 desabrigadas. Os eventos naturais também deixaram duas pessoas feridas. As cidade que comunicaram estragos à Defesa Civil foram Foz do Iguaçu, Mariópolis, Pato Branco, Ponta Grossa, Santa Helena e São Miguel do Iguaçu. Até o momento, nesses locais – durante essas chuvas –, o prejuízo estimado foi de quase R$ 8 milhões (R$ 5,2 milhões em patrimônio público e R$ 2,7 milhões e patrimônio privado).

Temporais

No último fim de semana, temporais causaram transtornos principalmente nas regiões Oeste, Sudoeste e Centro-Sul do estado. Chuvas fizeram rios transbordarem, com 1.095 pessoas afetadas em nove cidades. O balanço desta segunda-feira apontou que as chuvas deixaram 927 desalojados e 113 desabrigados, ocasionando prejuízo estimado em R$ 2 milhões ao patrimônio privado. As cidades afetadas nesse fim de semana foram: Ampére, Dois Vizinhos, Francisco Beltrão, Pato Branco, Realeza, Rio Bonito do Iguaçu, Santa Izabel do Oeste, Santo Antônio do Sudoeste e São Miguel do Iguaçu.

Condomínio do Minha Casa Minha Vida alagou

Niomar Pereira,especial para a Gazeta do Povo

Em Francisco Beltrão, no Sudoeste, o nível dos rios voltou ao normal ainda no domingo, permitindo que as famílias retornassem para suas moradias e iniciassem a limpeza. A chuva deixou um rastro destruição no município e ainda não há um levantamento oficial dos prejuízos.

Apesar disso, dezenove famílias do bairro Pinheirão não querem voltar para suas casas. Eles residem em um conjunto habitacional construído com recursos do Minha Casa Minha Vida e estão indignados com a situação. Desde que receberam as chaves das unidades, duas vezes já tiveram as casas alagadas. Algumas destas famílias praticamente foram retiradas de uma área de risco e levadas para outra.

Na primeira oportunidade, em maio, a água subiu dois metros além do nível da rua. As paredes ainda exibem as marcas da enchente. Agora, em junho, novamente os moradores tiveram que sair às pressas, levando o que podiam para não perder tudo. O Rio Santa Rosa fica a 20 metros do local.

O coordenador operacional da Defesa Civil municipal, Anildo Krüg, diz que a área era considerada imprópria para moradia pelo Plano Diretor e, mesmo assim, as casas foram construídas. "Durante a execução da obra, a área foi alagada duas vezes. Terminaram de construir e entregaram as chaves para as famílias."

A prefeitura já procurou a Caixa Econômica Federal, o Ministério Público e o Ministério das Cidades, mas nenhuma solução foi encontrada. Ana Lúcia Manfrói, secretária municipal de Assistência Social, diz que a cidade está de mãos atadas porque quer resolver a situação, mas depende de um aval do governo federal. "Estamos dispostos a oferecer 19 lotes para que eles sejam transferidos, porém precisamos que o Ministério das Cidades nos diga se vamos demolir as casas atuais, se eles terão os imóveis refinanciados e se pode haver um repasse de aluguel social. Muitas famílias hoje não se enquadram mais nos critérios do Minha Casa Minha Vida", pontua. A secretária salienta que o seguro das casas, que são financiadas, não cobrem todos os prejuízos.

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