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Clima

Chuvas fortes antecipam temporada de raios no Sul e Sudeste do Brasil

As chuvas fortes que atingiram os estados do Sul e Sudeste nas últimas semanas anteciparam a temporada de raios na região. A maior incidência de relâmpagos acontece a partir de outubro, mas os cientistas notaram que este ano as descargas elétricas estão antecipadas nestes estados e a frequência aumentou. Segundo dados do Grupo de Eletricidade Atmosférica (Elat), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), São Paulo registrou três vezes mais raios no último mês em comparação ao mesmo período do ano passado.

Em Minas Gerais, onde um forte temporal arrastou carros e deixou moradores ilhados na região metropolitana de Belo Horizonte, na noite desta quarta-feira, as descargas elétricas cresceram 40% em setembro. Em Minas Gerais, só na chuva de sábado foram registrados 15.536 raios. No temporal da última terça-feira (6), o Paraná registrou 17.061, e no mesmo dia, São Paulo teve outros 16.236.

"A temporada de raios está apenas começando", disse Osmar Pinto Júnior, coordenador do Grupo de Eletricidade Atmosférica.

De acordo com o Inpe, a incidência de raios aumentou de 30% a 40% na região sudeste e 100% no nordeste do Brasil nesse período. No nordeste, o aumento está associado ao fenômeno La Ninã, que é o resfriamento das águas do oceano pacífico equatorial. Para o especialista, no sudeste, o problema é outro.

"As descargas elétricas aumentaram muito nas grandes cidades do sudeste por causa das ilhas de calor nas grandes cidades. O calor aumenta por causa da impermeabilização do solo, com o asfaltamento de ruas, das construções e também da poluição. Com o ar mais quente, as tempestades são mais frequentes e mais intensas", explica Pinto Júnior.

De acordo com o Inpe, as descargas elétricas começam a ficar mais frequentes no final de outubro nas regiões sul e norte do Brasil. Nas regiões centro-oeste e nordeste, caem mais raios entre dezembro e janeiro. Já no sudeste, a maior incidência é no final dos meses de janeiro e fevereiro. Mas este ano, os números estão um pouco diferentes. De acordo com o especialista, nos últimos anos, está sendo registrado um aumento no número de raios na região sudeste do país, principalmente em São Paulo e Minas Gerais. No final de janeiro de 2009 em Osasco, na Grande São Paulo, por exemplo, caíram 1.200 raios em apenas 20 minutos. Segundo os moradores da cidade, a noite parecia dia durante o temporal com os clarões no céu. No nordeste, esse fenômeno também foi observado: a incidência de raios duplicou nos últimos três anos.

De acordo com o Inpe, de 1º de setembro a 6 de outubro deste ano caíram 216.946 raios no Estado de São Paulo, contra 74.269 no mesmo período de 2008, um aumento de 192,1%. Em Minas Gerais, foram 161.896 raios, ante 81.554 no mesmo período de 2008, uma alta de 39,8%. No Paraná, que também foi castigado pelas chuvas fortes recentemente, registrou 128.063 raios entre setembro e o início deste mês, 5,75% mais do que o mesmo período do ano passado. Já no Rio de Janeiro, foram 3.106 raios nesses dias, uma queda de 75% na comparação com o mesmo período do ano passado.

Com maior incidência de raios aumenta também o risco para as pessoas. Segundo o Inpe, cerca de cem pessoas morrem por ano atingidas por descargas elétricas. Boa parte das vítimas é surpreendida pelo relâmpago durante o temporal porque acha que dificilmente será atingida.

"Mais de 90% das pessoas atingidas estão ao ar livro e 60% na zona rural. É preciso cuidado já que no Brasil registra-se 60 milhões de raios por ano", diz Pinto Júnior.

Pelos cálculos do Inpe, o prejuízo com os raios por ano chega a R$ 1 bilhão no Brasil. O setor elétrico é o maior prejudicado, respondendo por 60% das perdas totais. As distribuidoras costumam ter grande prejuízo com equipamentos queimados.

No ranking do Inpe, que leva em conta o tamanho de cada estado, é Mato Grosso do Sul o campeão dos relâmpagos, seguido por Tocantins, Amazonas, Mato Grosso, Rio Grande do Sul, São Paulo, Santa Catarina, Paraná, Goiás, Pará, Minas Gerais e Roraima.

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