Saldanha Marinho: rua passou por obras nos últimos dias| Foto: Hedeson Alves/Gazeta do Povo

Corpos de noivos são encontrados no Iguaçu

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Maringá tem 5 mil casas sem energia

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Depois que alagamento e buracos tomaram conta da via na quinta-feira

A culpa é de São Pedro ou da ineficiência do poder público? Ou quem sabe da engenharia? Depois de uma chuva de duas horas e meia, com um saldo de 1,8 mil ocorrências registradas, 1,4 mil casas alagadas e 111 pontos de inundação em Curitiba, algumas perguntas são inevitáveis: há algo que poderia ter sido feito para evitar os estragos? A estrutura da cidade está inadequada ou a chuva é que foi excepcional?

Segundo o Instituto Tecno­lógico Simepar, na última quinta-feira, em duas horas e meia choveu quase metade do esperado para o mês inteiro de novembro. Só no momento mais crítico, foram 58 milímetros durante 60 minutos. Segundo os cálculos do engenheiro civil e professor do Departamento de Hidráulica e Saneamento da Universidade Federal do Paraná (UFPR) Ale­xandre Guetter, a chuva da última quinta-feira é classificada, por sua intensidade e intervalo de tempo, como um temporal que se espera que aconteça apenas uma vez a cada cem anos. "É por isso que grandes áreas de drenagem se tornaram insuficientes. Elas não estavam dimensionadas para isso, embora estivessem dentro das normas", explica.

De acordo com Guetter, uma obra de engenharia, em sua construção, leva em conta a possibilidade de certos riscos. As obras de drenagem são calculadas para terem um risco de falhar (sofrerem inundação) uma vez a cada 25 anos, normalmente. "Uma obra que atendesse todos os eventos sairia muito cara", explica. Como a tempestade de quinta-feira foi uma "chuva de 100 anos", o sistema não aguentou.

O problema, segundo o professor, é que as tais "chuvas de 100 anos" ou mesmo as "chuvas de 25 anos" têm se tornado mais frequentes e vêm ocorrendo em intervalos menores que os esperados. Segundo Guetter, a engenharia usa nos cálculos das obras séries históricas de chuvas que partem desde 1900. A partir da década de 80, porém, o professor afirma que foi possível observar um perfil diferente no clima, com mudanças bruscas, aquecimento global, aumento da intensidade dos ventos e das chuvas.

Levando-se em conta o novo perfil climático, com uma série histórica de chuvas de Curitiba apenas a partir da década de 80, por exemplo, a tempestade de quinta-feira seria reclassificada de "chuva de 100 anos" para "chuva de 40 anos". Conse­quen­temente, observa-se, de acordo com Guetter, que as chuvas até então consideradas de 25 anos, passam a acontecer de 10 em 10 anos. Esse fator, aliado à crescente impermeabilização dos solos nas áreas urbanas e à quantidade de lixo lançado nos rios e bueiros, acaba levando o sistema de drenagem a um colapso.

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"E esse não é um pecado do nosso município ou do Brasil. Isso acontece em todo o mundo", explica Guetter. Para resolver esse problema, uma das saídas seria começar a redimensionar as obras de engenharia, levando em conta o atual panorama.