Praticante do ciclismo há dez anos, o engenheiro de minas Eduardo Antonio, 43 anos, deixou recentemente de andar de bicicleta nas estradas nos dias de semana. Com medo de ter a bicicleta roubada, passou a pedalar com os amigos só nos fins de semana na BR-277, onde entrou em outra triste estatística dos ciclistas de Curitiba e região: a de vítimas de atropelamentos.
Eduardo Antonio morreu no sábado (8), após ter sido atropelado. Ele se tornou a 26.ª vítima fatal esse ano de acidentes envolvendo ciclistas em rodovias no Paraná: foram 19 mortes registradas pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) e 7 pela Polícia Rodoviária Estadual (PRE). O corpo foi enterrado na manhã desta segunda-feira (10), em São Paulo.
Antonio e os quatro ciclistas foram atingidos por trás por um veículo Corsa enquanto pedalavam pelo acostamento próximo à Academia Policial do Guatupê. O exame de bafômetro comprovou que o motorista havia ingerido álcool – também havia latas de cerveja no veículo. Ele foi levado ao Hospital Cajuru, onde passou por cirurgias, mas não resistiu. O motorista segue preso na Delegacia de São José dos Pinhais.
Paulista de São Bernardo, casado com uma professora do departamento de Bioquímica da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e pai de uma menina de 6 anos, Eduardo Antonio começou a se dedicar a atividades físicas quando veio morar em Curitiba em 2006, ao passar no concurso da regional paranaense do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), onde era chefe de fiscalização. Como o novo trabalho exigia condicionamento físico, por ter de andar longas distâncias a pé, em áreas muitas vezes íngremes, como pedreiras e áreas de mineração, o engenheiro percebeu que teria que cuidar da saúde. Passou a pedalar e depois a se dedicar a outras atividades, como natação e corrida.
“Ele era um pouco gordinho, mas logo entrou em forma fazendo exercício e não parou mais. O esporte vivou a válvula de escape dele para o estresse do nosso trabalho. O Eduardo até levou outros colegas para a atividade física”, conta o também engenheiro de minas Ronaldo Moyle Baeta, que passou a fazer natação após o convite do amigo. “Teve outro colega aqui do trabalho que ele não só incentivou a comprar bicicleta, como orientou a adquirir os melhores equipamentos”, recorda Moyle.
Fã do espanhol Alberto Contador e do britânico Mark Cavendish, dois dos maiores ciclistas da atualidade, Antonio tinha um sonho: percorrer o Tour de France, o mais famoso circuito de bicicletas do mundo. “Tempos atrás fui para a França e ele pediu para eu pegar umas informações do circuito. Ele sempre estava em busca de informações de esportes, em especial o ciclismo”, lembra Moyle.
Triatlo
Há dois anos, Eduardo Antonio intensificou os treinos. Passou a treinar com o professor de educação física e triatleta Felipe Araújo. A meta era aperfeiçoar as técnicas não só de ciclismo, mas também de corrida e natação, para começar a participar de provas de triatlo.
“Ultimamente ele estava se dedicando mais às corridas, percorrendo longas distâncias. Ele tinha percorrido esse ano pela primeira vez a Meia-Maratona de Curitiba e ia correr a São Silvestre no fim do ano em São Paulo”, aponta Araújo. “O Eduardo era um cara tranquilo, que adorava o ciclismo. Agora esperamos que haja mais respeito ao ciclista para ninguém mais morra dessa forma”, afirma.