Os cicloativistas cariocas amanheceram em choque com a notícia da morte do médico Jaime Gold, de 55 anos, esfaqueado na noite desta terça-feira (19) por assaltantes, enquanto pedalava na Lagoa Rodrigo de Freitas, na altura da Curva do Calombo. Em meio aos lamentos pela vida perdida e às reclamações sobre a falta de segurança nas ciclovias da cidade, todos concordaram em um ponto: não existem marcas ou modelos de bicicletas mais visadas. Da mais simples até a Bicicleta Caloi Elite Carbon 29, que chega a custar R$ 13 mil, qualquer bike pode ser roubada. Não importa se é nova ou velha, profissional ou de lazer.

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Proprietário da loja Special Bike, em Botafogo, Marcelo De Mattos Gomes diz que não importa o valor do veículo, “é uma questão de oportunidade”.

“A maior parte dos ladrões nem sabe diferenciar uma bike cara de uma mais barata. Ele vai levar a que der. O valor da bicicleta só importa para quem for assaltado e tiver que levar o prejuízo. Por isso, temos vendido cada vez menos bicicletas, principalmente as caras”, comentou Gomes, no ramo há 23 anos. “Já vi roubarem até triciclo e bicicleta de carga”, diz.

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Apesar de não haver modelos mais atraentes para os criminosos, certamente há áreas mais perigosas para os ciclistas: o Aterro do Flamengo e a Lagoa se tornaram rotas praticamente proibidas, segundo os ativistas. Eles recomendam que só se saia para pedalar à noite acompanhado de, pelo menos, mais cinco colegas, formando um pelotão. O consultor financeiro Rogério Oliveira, que também é ciclista, costuma sair para pedalar às 4h, ainda de madrugada, mas faz parte de um grupo com quase 100 esportistas. O pelotão ainda conta com o apoio de algumas motos, que dão segurança aos atletas.

“Não noto um direcionamento para o roubo de bikes caras. Na minha percepção, o número de roubos aumentou porque há um maior número de ciclistas e de ladrões também”, opinou Rogério Oliveira, da RDO Consultoria, que presta assessoria financeira à loja Renato Estrella Bicicletas, na Barra da Tijuca. “Já vi um ladrão roubar uma bicicleta de velocidade, muito cara, e abandoná-la 100 metros à frente porque não conseguiu andar com ela. Em seguida, ele pegou outra, de guidão reto, dez vezes mais barata. Não há critério”, pondera.

Até mesmo o presidente da Comissão de Segurança no Ciclismo do Rio de Janeiro, Raphael Pazos, que vinha orientando seus associados a circularem pelos 380 quilômetros de ciclovia da cidade com bicicletas velhas, teve que abrir mão de recomendação.

“Não existe mais isso. A bike é a bola da vez nos assaltos. Se criminosos estão matando para roubar uma bicicleta é porque o negócio está sendo muito lucrativo”, disse Pazos. Ele ainda faz um apelo à população. “É preciso que as pessoas parem de comprar bicicletas e peças mais baratas, sem nota fiscal, em sites que vendem itens de segunda mão, ou então elas vão acabar com um produto roubado de alguém que foi esfaqueado”, avalia.

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