Intervenções
Setran prevê melhorias em oito pontos
Pelo menos oito dos 15 pontos mencionados pelos cicloativistas passarão por intervenções de mobilidade nos próximos meses. De acordo com o coordenador de mobilidade urbana da Secretaria Municipal de Trânsito (Setran), Danilo Herek, as obras estão em fase de orçamento e a expectativa é que estejam concluídas em fevereiro do ano que vem. Também estão previstas melhorias de mobilidade nas regionais Boa Vista, Cajuru, Boqueirão, Bairro Novo, Pinheirinho, Santa Felicidade e CIC. Dentre as intervenções, estão planejados a construção e o rebaixamento de calçadas, adequações urbanísticas e de sinalização.
Além das obras, a Setran pretende não descuidar da educação no trânsito. A Secretaria promete intensificar as campanhas educativas que são realizadas. Em uma segunda etapa, a fiscalização passará a ser mais rigorosa com os motoristas "desrespeitosos". "Serão multados, porque está na lei. Há vários artigos no Código de Trânsito que protegem os ciclistas e os pedestres, que são as partes mais frágeis do trânsito", garantiu Herek.
Todos os dias, o artista plástico Juan Parada usa a bicicleta para se locomover de sua casa, no bairro Cristo Rei, ao ateliê em que trabalha, no São Lourenço. Sabe de cor os meandros de cada cruzamento da ciclovia que corta a região central de Curitiba. Apesar disso, a experiência e a cautela não foram capazes de evitar que ele fosse vítima do trânsito. Dois meses atrás, o ciclista foi atropelado por um carro no cruzamento de uma ciclovia, na Rua Barão de Antonina com a Heitor S. de França, no Centro Cívico.
"A jovem [que dirigia o carro] estava olhando para o outro lado e não me viu. Rolei por cima do capô [do carro] e acabei não me machucando", relata. "Os motoristas ignoram por completo a ciclofaixa e a faixa de pedestres", reclama.
INFOGRÁFICO: Veja onde estão os pontos críticos
O ponto onde Parada foi atropelado é um dos 15 cruzamentos mais perigosos da região central de Curitiba, de acordo com um mapeamento feito pela Associação de Ciclistas do Auto Iguaçu (CicloIguaçu) e por leitores do blog Ir e Vir de Bike, da Gazeta do Povo. Na maioria dos casos, os problemas apontados poderiam ser solucionados com pequenas intervenções.
"O problema decorre do eco de uma prática urbanística que, nas últimas décadas, só priorizou o automóvel. O carro é o senhor de tudo, enquanto os ciclistas ficaram vulneráveis", disse o coordenador-geral da CicloIguaçu, Goura Nataraj.
Dos locais mencionados pelos cicloativistas, 14 encontram-se ao longo do trecho da ciclovia que corta as áreas centrais. Quatro deles foram classificados como mais críticos: o Círculo Militar, dois cruzamentos da Rua Heitor S. de França, e a esquina da Conselheiro Laurindo com a Silva Jardim. Nesses pontos, ou não há sinaleiros voltados aos ciclistas ou o tempo semafórico é insuficiente para a travessia.
Intervenções
Segundo os cicloativistas, a mobilidade seria otimizada com base em medidas simples, que tornassem as bikes mais visíveis. Dentre os elementos mencionados pela CicloIguaçu, por exemplo, estão "travessia vermelha" (pintura de uma faixa, indicando o caminho da ciclovia) e sinalização vertical (placas de trânsito, implantação ou alteração de semáforos). A associação também defende a redução do limite de velocidade de veículos automotores no Centro da cidade.
"Um carro ou ônibus [trafegando] a 60 quilômetros por hora mata uma pessoa com facilidade. Temos de criar uma Zona 30 no Centro, reduzindo a velocidade dos automóveis a 30 quilômetros por hora", propõe Goura. Visualizar em um mapa maior
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