Não basta vontade para adotar a bicicleta como meio de transporte e sair pedalando por Curitiba. Além da falta de segurança aos ciclistas, que precisam compartilhar vias com carros e ônibus devido à falta de ciclovias em muitas regiões, os usuários encontram dificuldade para estacionar as bikes na cidade. Como paraciclos públicos e estacionamentos que aceitam guardar bicicletas são poucos, sobram como opção para prendê-las os postes e as placas de trânsito. Contudo, para estimular o uso de um modal não poluente por seus funcionários, algumas empresas também têm disponibilizado espaços para deixar as magrelas.
O artista plástico Lourenço Duarte de Souza é um dos que leva a bicicleta para o trabalho. "Todo dia vou e volto de bicicleta e lá tenho um espaço para deixá-la. Para ir a outros lugares, preciso amarrar em poste mesmo", conta. Já o biólogo João Victor Geronasso não acha seguro deixar a bike a céu aberto. "Se eu saio, sempre fico de olho nela, não dá para deixar na rua, nem mesmo com cadeado", afirma.
Algumas instituições de ensino, como a Universidade Federal do Paraná (UFPR), disponibilizam paraciclos a alunos e funcionários. O técnico José Carlos Assunção Belotto é um dos que usam o equipamento. "O paraciclo do prédio histórico [Santos Andrade] fica dentro do local. Às vezes deixo ali e às vezes levo para a sala onde trabalho", conta Belotto, que também coordena o programa Ciclovida da UFPR. "Na Reitoria, depois que foram instalados os paraciclos, o uso da bicicleta aumentou", conta o coordenador-geral da Associação de Ciclistas do Alto Iguaçu (Ciclo Iguaçu), Jorge Brand.
Estacionamentos
Na Rua Presidente Faria, no Centro, surgiu a Bicicletaria Cultural, uma iniciativa de dois cicloativistas, o artista plástico Fernando Rosenbaum e a produtora cultural Patrícia Valverde. Inaugurada em 18 de agosto, a proposta visa oferecer aos ciclistas um lugar seguro para guardar bicicletas. Por R$ 0,80 a hora, a bike fica em local apropriado e pode passar por uma revisão; já o ciclista tem a oportunidade de participar de eventos culturais.
Por enquanto, a Bicicletaria atende poucas pessoas, mas já conta com três mensalistas. "A necessidade é do usuário que vem ao Centro e precisa ter segurança na hora de guardar a bicicleta. Além de não atrapalhar os pedestres", diz Patrícia. A dificuldade encontrada é que a prefeitura não regulamenta estacionamentos específicos para o modal. "Quem sabe com o aumento da demanda pela bicicleta, a prefeitura mude a visão de que ela não é um meio de transporte", diz Rosenbaum.
Para os ciclistas, a falta de locais apropriados desmotiva quem quer usar o modal no dia a dia. "Já tentei deixar [a bicicleta em estacionamentos], propus pagar a vaga de um carro, mas eles não deixam. Não entendo os critérios deles", conta Souza. "Em uma vaga de estacionamento, podiam ser guardadas 12 bicicletas. Se fosse feito um cálculo por espaço ocupado, talvez eles tivessem até mais lucro", diz Belotto.
Alguns shoppings da cidade também contam com espaços para bicicletas. "No Shopping Estação, vi um paraciclo bem sinalizado e bem feito. É algo que precisa aparecer por toda a cidade", diz Brand. Mas Belotto afirma que a situação não é a mesma em todos os estabelecimentos. "Têm muitos que você não consegue entrar no estacionamento de bicicleta, tem que deixar ela presa na frente do local."
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