O ciclone subtropical que se encontra próximo aos estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul também teve consequências no litoral paranaense. Na segunda-feira, em cidades como Matinhos, Guaratuba e Paranaguá, foram registradas ondas de até 2 metros de altura, ventos fortes e chuvas moderadas, o que fez com que muitos banhistas e pescadores desistissem de entrar no mar. Ontem, as águas estavam um pouco mais calmas, mas a pescaria ainda estava interrompida, e os banhistas mais receosos não se arriscavam a enfrentar as ondas. "Os surfistas gostam, há até um nome para as ondas mais procuradas metrão , mas o recomendado é ficar na parte rasa, para evitar que as correntezas levem o banhista para o fundo do mar", aconselha o soldado do Corpo de Bombeiros de Guaratuba Maurício Nunes da Silva.
Em Matinhos, segundo o presidente da colônia de pescadores, Mário Hanek, cerca de 60 canoas estavam paradas por conta do mau tempo. "O pessoal está evitando entrar no mar, pois o perigo de a canoa afundar ou ficar avariada é grande, além do risco à vida do pescador", afirma. De acordo com ele, desde o fim do carnaval o tempo está instável no litoral. "Está soprando um vento forte do leste, que nós chamamos de lestada, e com o ciclone ficou ainda mais complicado", descreve.
Com a impossibilidade de sair para o mar, muitos pescadores aproveitaram para realizar consertos nas embarcações e redes, mas o prejuízo já está batendo à porta. "Quando se trata de sobreviver da pesca, um dia que você deixa de sair já é prejuízo na certa", afirma Hanek.
Apesar do tempo instável no litoral, o meteorologista Hamilton Carvalho, do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), em Brasília, afirma que o ciclone, que teve origem entre a costa do Espírito Santo e do Rio de Janeiro, não deve avançar para o Paraná nem provocar alertas como os observados nos estados vizinhos. Segundo ele, o sistema deve se movimentar em direção ao Oceano Atlântico, afastando-se do continente. Por conta disso, a partir de hoje, a previsão é de que as chuvas e ventos fortes percam intensidade. "Os ventos não devem passar de 40 km/h no Paraná, e as chuvas mais fortes devem ocorrer em áreas isoladas", emenda o meteorologista do Instituto Tecnológico Simepar Fernando Mendes.
Por conta da baixa intensidade do fenômeno, a 8.ª Coordenadoria Estadual de Defesa Civil do Paraná, com sede em Paranaguá, não emitiu nenhum alerta. "Não nos foi passado nenhum alerta por parte da coordenadoria em Curitiba. Claro que estamos de prontidão, pois há um ciclone rondando o Paraná, mas as únicas ocorrências relacionadas ao fenômeno são a presença de ondas grandes e de mar um pouco agitado", explica o capitão Jonas Emmanuel Benghi. De acordo com ele, a única recomendação é para que turistas e moradores sem experiência evitem entrar no mar durante esse período, especialmente em áreas isoladas.
SC e RS
Os municípios litorâneos de Santa Catarina e Rio Grande do Sul, que têm um litoral mais extenso do que o Paraná, foram os mais atingidos pelo ciclone subtropical. Chuva forte, ondas de até 4 metros e rajadas de ventos que ultrapassaram os 40 km/h foram registradas nos dois estados. Ontem, o ciclone, que está em constante deslocamento, se aproximava das costas gaúcha e catarinense, provocando ressaca e estendendo até o fim da tarde o alerta da Marinha sobre as condições desfavoráveis de navegação e pesca. De acordo com Hamilton Carvalho, do Inmet, como o ciclone estaria se afastando da costa, as rajadas de vento e chuvas intensas devem se concentrar em alto-mar, onde os ventos podem chegar a até 100 km/h.