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Os gritos de “sai da frente” e “olha a bike” são frequentes na ciclovia do canteiro central das Avenidas Amaral Gurgel e São João, embaixo do Elevado Costa e Silva - o Minhocão -, no centro de São Paulo. Antes mesmo da inauguração oficial, marcada para domingo (9), há conflitos e riscos para pedestres, ciclistas e passageiros do transporte coletivo.

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O responsável pela ação foi o empresário Marcos Mohai, de 38 anos, que também é vereador pelo PSDC em Peruíbe, no litoral paulista

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Ao longo dos 3,5 quilômetros de faixas para bikes há seis pontos de parada, 31 pilastras e diversas bifurcações nas vias vermelhas que colocam uma bicicleta de frente para outra ou apontadas diretamente para os passageiros nos pontos de ônibus.

“Ficou bem esquisito. A gente anda para entrar no ônibus e leva buzinada de ciclista. Achei uma porcaria uma ciclovia grudada no ponto de ônibus”, disse a universitária Carol Monteiro, de 21 anos. Ao lado dela, Bianca Drago Gomes, de 18, que estuda em uma faculdade da região, só se deu conta de que corria perigo quando ouviu a campainha de um ciclista acompanhada de um “olha eu”.

“Geralmente espero o ônibus aqui. Não dá para ficar espremida com as outras pessoas que estão esperando o coletivo. Para mim, isso aqui é mais calçada do que ciclovia, mas vou me acostumar”, afirmou a universitária.

Antes mesmo de o ciclista buzinar para Bruna, a aposenta Célia Cristina Amaral, de 67 anos, levava as mãos ao rosto para não ver uma colisão que quase aconteceu. “Viu como é perigoso? O ciclista não tem culpa, mas não dá para deixar ponto de ônibus e ciclovia no mesmo lugar”, disse a aposentada.

Briga por território

Na quarta-feira, 5, a maioria dos ciclistas que usavam a pista exclusiva era formada por entregadores que trabalham em comércios da região. Para eles, a “briga por território” é uma “questão de costume”. “Eu pedalo só por ciclovias e estou acostumado com pedestres e passageiros de ônibus. As pilastras me fazem frear naturalmente. Nas curvas mais fechadas, chego a colocar o pé no chão para ver se tem alguma bicicleta vindo no sentido contrário”, explicou Leandro Luiz, de 23 anos, que faz entregas de carne na região no entorno do Elevado.

“Se eu estiver muito rápido, dou um grito antes de chegar ao ponto de ônibus. Por enquanto está perigoso, mas daqui a pouco todo mundo se acostuma”, disse o entregador Antonio Carlos Alves, de 34 anos, que leva garrafas de bebida de uma adega no bairro de Campos Elísios para outras regiões do centro da capital.

A maior preocupação deles é a possibilidade de bater de frente com outra bicicleta que venha no sentido contrário. “Como tem a pilastra do Elevado, não consigo enxergar quem está vindo do outro lado”, disse o vendedor Paulo Pereira, de 42 anos. Na maior parte da ciclovia as pistas são separadas, uma para cada sentido. Mas, depois de algumas pilastras, as faixas se unem, daí o risco.

O diretor da Associação de Ciclistas Urbanos de São Paulo (Ciclocidade), Daniel Guth, disse que, após a inauguração oficial da pista para bikes, a entidade vai avaliar o local, fazer um levantamento técnico e, caso seja necessário, entregará um relatório para a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) apontando os erros e sugerindo mudanças.

“O pedestre tem de ser o mais protegido em absolutamente todos os casos. Nós, como ciclistas, temos de nos colocar no lugar deles, porque também somos pedestres. Se houver pontos de conflito, vamos indicar à Prefeitura”, afirmou o diretor da Ciclocidade.

Quatro dias

A coordenadora do Departamento de Planejamento Cicloviário da CET, Suzana Leite Nogueira, garantiu que, até a inauguração, a companhia vai instalar barras de ferro atrás dos pontos de ônibus, para proteger ciclistas e pedestres. A empresa tem quatro dias para fazer isso.

“Elas vão ser complementares ao ponto de ônibus, para demarcar de forma mais segura as duas áreas (dos passageiros e dos ciclistas).” As barras terão extremidades além dos assentos normais das paradas de transporte público, onde os passageiros poderão se apoiar fora da pista vermelha.

Ainda de acordo com Suzana, nos locais em que as faixas de pedestre, de bikes, pontos de ônibus e pilastras convergem, serão instaladas placas indicando o uso compartilhado da área. Ela disse que as curvas “pressupõem” redução de velocidade.

A engenheira explicou que, assim como foi feito na Avenida Paulista, equipes da CET vão distribuir folhetos de orientação para “promover a harmonia” no canteiro central sob o Minhocão.

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