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Quando o assunto é formação cívica, a escola aparece em penúltimo lugar na pesquisa | Henry Milleo/Gazeta do Povo
Quando o assunto é formação cívica, a escola aparece em penúltimo lugar na pesquisa| Foto: Henry Milleo/Gazeta do Povo

O brasileiro não reconhece a escola como elemento importante na formação da cidadania. O sistema de educação básica aparece em penúltimo lugar – à frente apenas do Judiciário – em avaliação da contribuição das instituições para a formação e disseminação dos valores cívicos feita em pesquisa da CPM Research com 1.110 entrevistados. A família aparece em primeiro lugar, seguida da universidade, da mídia, da polícia e do Ministério Público.

O estudo foi apresentado na última quarta-feira durante o Encontro Internacional do Ciclo Educação para o Futuro, na PUC-SP. Segundo o estudo, feito com habitantes das cinco regiões do país no início deste mês, os brasileiros não admitem ter deficiências na formação sobre o assunto. A maioria se considera cidadão ativo por ter cons­­ciência de seus direitos e deveres. "As manifestações de junho de 2013 mostraram a nossa incapacidade no que diz respeito à cidadania ativa. Cada um saiu de casa com o seu cartaz, dizendo o que era importante para si, mas sem estar organizado. Isso vem de uma falta de formação no ensino básico, que não nos ensina sobre nossos direitos e deveres como cidadãos", avalia Oriana Monarca White, diretora da CPM Research e membro do Núcleo de Estudos de Futuro da PUC-SP.

Entre as ações consideradas mais importantes para ser um cidadão ativo, "ensinar as crianças a serem cidadãos ativos desde os primeiros anos da escola" aparece em quinto lugar e "acompanhar o trabalho dos representantes públicos" em nono, atrás, por exemplo, de "ter um CPF", em sétimo lugar. Oriana desenvolve pesquisa de pós-doutorado sobre o tema. Ela compara a situação do Brasil com a de outros países como Itália e Espanha, onde o ensino de cidadania ativa é orientado por programas conduzidos pelos ministérios da educação.

Durante um mês, a professora aplicou métodos usados por esses países em ­­duas escolas públicas de São Paulo. O projeto envolveu exibição de filme, leitura de contos e fotografia. "A ideia foi fortalecer alguns preceitos e ensiná-las [as crianças] a se articular na hora de reclamar", conta Oriana. Depois de apresentar o projeto de pós-doutorado, em outubro, Oriana pretende enviar propostas sobre o tema para o Ministério da Educação. "A discussão desse tema nas escolas, desde muito cedo, precisa ser imposta pelo ministério. É incrível que a sociedade civil – através de ONGs, por exemplo – se organize para trabalhar com isso. Mas precisamos de leis tratando do assunto."

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