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Educação

Cidadania que começa aos 5 anos

Bem representados, os alunos da Escola Graciliano Ramos aguardam a nova gibiteca reivindicada à Secretaria de Educação de Curitiba | Ivonaldo Alexandre/ Gazeta do Povo
Bem representados, os alunos da Escola Graciliano Ramos aguardam a nova gibiteca reivindicada à Secretaria de Educação de Curitiba (Foto: Ivonaldo Alexandre/ Gazeta do Povo)

Reunida, a cúpula aguarda apenas o diretor de Meio Ambiente e a secretária para dar início aos debates sobre as políticas vigentes. A cena lembra o encontro oficial de uma instituição europeia, mas retrata a reunião mensal de 50 estudantes com idades entre 5 e 10 anos da Escola Municipal Graciliano Ramos, a única em Curitiba a abrigar um grêmio estudantil para alunos do 1.º ao 5.º anos do ensino fundamental.

Ninguém sabe com precisão a origem da agremiação, mas o grupo é a menina dos olhos da escola desde os anos 1980. A cada ano, os 700 alunos do colégio do Fazendinha são convocados a comparecer às urnas para eleger a chapa que vai representá-los e terá a árdua tarefa de melhorar o ambiente escolar. "A escola é o espaço delas. Se as crianças sentem necessidade de algo, elas percebem que o grêmio é o lugar onde elas podem reivindicar. O grupo acaba se tornando um minilaboratório para a cidadania", afirma a diretora da escola, Sirley Kohler.

Diuliano Cesar Cancelier, 9 anos, vice-presidente do grêmio, lembra que tamanho não é documento quando se trata de exercer a cidadania. "É desafiador participar do grupo, mas conseguimos melhorar a escola para todos mesmo com o pouco que sabemos", confessa, lembrando com orgulho do sistema de filas adotado para solucionar a baderna na saída dos estudantes.

Nos encontros mensais, os 44 representantes de turma e os seis integrantes do grêmio levam as demandas dos colegas para a diretoria e sugerem mudanças, criticam abertamente e até elogiam. "As crianças observam tudo e cobram seus direitos. De tacos de madeira que precisam ser trocados a mudanças extremas na merenda", destaca a vice-diretora, Ivone Teter Moreira.

Bandeiras

O carro-chefe da vez é a reforma da escola. Os estudantes cobram mensalmente rampas de acesso e adaptação de banheiros para colegas com necessidades especiais, a criação de uma horta e a construção de uma nova gibiteca, demolida recentemente devido ao péssimo estado de uma estrutura de madeira. As reivindicações chegaram inclusive à secretária da Educação de Curitiba, Roberlayne Roballo.

Após visitar a escola, guiada pelos alunos, a secretária convocou uma reunião extraoficial para estudar soluções para o colégio ainda neste ano. "Os alunos são extremamente articulados. Poder sentar e dialogar com os próprios agentes da escola é revigorante. Eles valorizam aquele espaço e querem que as próximas gerações possam tirar proveito da melhoria deles também", conta Roberlayne, que prevê estender para toda a rede municipal os grêmios estudantis para alunos da primeira etapa do ensino fundamental.

A notícia alegra os representantes da Graciliano Ramos, que se sentem realizados por servirem de inspiração para outras escolas. "É recompensador cumprir as promessas. Apesar da dor de cabeça que é ser representante, já que qualquer cobrança dos colegas cai em cima da gente", diz Emilly Vitoria Florencio, 10 anos, diretora de Cultura do grêmio.

Já foi ou é de uma agremiação estudantil? Como você enxerga essa experiência?Deixe seu comentário abaixo e participe do debate.

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