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Cidade fica sem médicos em postos

Só após chegar ao posto Adriana descobriu que não havia médico no local nos últimos quatro meses | Fotos: Valterci Santos/Gazeta do Povo
Só após chegar ao posto Adriana descobriu que não havia médico no local nos últimos quatro meses (Foto: Fotos: Valterci Santos/Gazeta do Povo)
Apesar do atraso no salário, Elen mantém o posto de saúde limpo |

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Apesar do atraso no salário, Elen mantém o posto de saúde limpo

Desde o começo do ano, moradores de Rio Branco do Sul, município de aproximadamente 30 mil habitantes na região metropolitana de Curitiba, têm dificuldade em encontrar médicos nos postos de saúde. Das cinco unidades de saúde da cidade, só três estão em funcionamento e apenas uma possui médicos (dois). Uma foi fechada para reforma e outra está em situação indefinida, com o mobiliário empilhado em seu interior.

Em janeiro, seis médicos contratados para trabalhar nas unidades por um instituto terceirizado pelo município foram embora da cidade por atrasos nos pagamentos – segundo servidores, os salários estão atrasados há três meses. Dessa forma, apenas a unidade de saúde no centro da cidade e o hospital municipal têm médico, e por isso estão sobrecarregados. Nos outros dois postos em funcionamento, a população tem acesso apenas a remédios e vacinação.

Semana passada, a caixa Adriana Costa Rosa, 29 anos, precisou levar a filha Camille, de apenas 2 meses e que estava com febre, ao posto de saúde do bairro Papanduvas. Ao chegar, descobriu que a unidade está sem médico há quatro meses. Na chuva, foi obrigada a ir com a filha até o hospital, onde encontrou uma fila de 23 pacientes. "É revoltante. Você está no apuro com a criança doente e não acha médico. O jeito foi ir à farmácia e pedir para o farmacêutico dar um remédio para minha filha", diz Adriana.

No posto de saúde da Vila São Pedro, a situação é a mesma há dois meses. No total, 32 consultas diárias deixam de ser feitas por falta de médico. "A população vem aqui e reclama, mas a gente não tem o que fazer", diz uma servidora, que prefere não se identificar.

No posto de saúde da comunidade Mina de Ferro, o mobiliário está amontado. Armários com alguns medicamentos, cadeiras, mesas, balanças de pesar crianças. Tudo com aspecto novo, mas parado, já que desde dezembro não há nenhum servidor para trabalhar no local.

O reflexo da falta de médicos nas unidades de saúde deságua no hospital. Às segundas, quartas e sextas, quando dois médicos trabalham na unidade central de saúde, a média é de 130 pacientes atendidos no hospital. Nos outros dias, quando apenas um médico trabalha no posto, metade dos pacientes que deveriam ser atendidos na unidade central vão ao hospital, elevando para 160 o número de atendimentos. "Se os postos estivessem funcionando, o hospital não teria esse movimento, porque o atendimento seria apenas de urgência e emergência", explica o diretor-administrativo do Hospital Municipal de Rio Branco do Sul, José Carlindo.

Diante de tal quadro, não restou outra opção para a dona de casa Lenir Santana, 28 anos, a não ser esperar atendimento para a filha Evelin, 8 meses, que estava com febre ontem. "Saí de casa à 1 hora da tarde e até agora não consegui ser atendida", reclamava ela na recepção do hospital, às 16 horas. Antes, ela havia procurado atendimento na unidade de Papanduvas e também não encontrou médico.

Concurso

A secretaria de Saúde de Rio Branco do Sul, Rubiene Stocchero, afirma que, conforme termo de ajustamento assinado com o Ministério Público do Trabalho, o município tem até junho de 2010 para reassumir integralmente o atendimento à população na saúde. Com isso, a previsão é de que no mínimo dez médicos sejam contratados por concurso público até lá – mesmo com os atrasos atuais no pagamento de funcionários. "Em seis meses, temos de ajustar as contas para fazer o concurso", afirma. Enquanto o concurso não é feito, Rubiene afirma que dois médicos passarão a trabalhar no município na semana que vem, contratados pelo instituto que mantém convênio com o município.

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