A cidade ficará mais bonita?
Quem passa diariamente pelas ruas da área central de Londrina já notou a diferença no visual das lojas. Mesmo que algumas ainda não tenham regularizado a situação das fachadas, a maioria já se adequou a Lei Cidade Limpa.
Há alguns meses os londrinenses estão convivendo com uma "nova" arquitetura, revelada aos poucos nas principais ruas do centro da cidade. Com a necessidade de os comerciantes retirarem as placas publicitárias, em razão da Lei Cidade Limpa, que entrou em vigor em fevereiro deste ano, detalhes das primeiras construções, escondidas por trás do emaranhado de ferro e aço, voltaram a ser vistos pelas pessoas que circulam na área central.
A professora de arquitetura da Universidade Estadual de Londrina (UEL) e doutora em arquitetura comercial, Maria Luzia Grassiotto, divide os prédios comerciais em quatro fases: pioneira, art déco, moderna e contemporânea. Ela explica que Londrina sempre esteve na vanguarda, seguindo os principais estilos internacionais. "Sempre tivemos aqui tudo do mais moderno para a época, tanto que grandes nomes do período modernista no Brasil fizeram obras no Município. Temos o Teatro Ouro Verde, que é do Artigas [João Batista Vilanova Artigas], uma das principais [obras] do modernismo. Mesmo sendo uma cidade de interior entramos nas fases da arquitetura no mesmo período dos grandes centros."
Os prédios mais antigos seguem as características da fase "art déco", que compreende as décadas de 1920 e 1940, como o localizado na Rua Sergipe, 798. A arquitetura dessas edificações são marcadas pelas formas geométricas e onduladas, balcões nas janelas e pequenas varandas em edifícios. "Esses prédios que estão se revelando são marcados pelas formas geométricas e pela proporcionalidade das formas, com divisão da fachada com uma entrada principal", diz.
Também há edificações que estão na transição do período art déco para o modernismo, que durou entre os anos 40 e 60. Esses prédios mesclam as linhas retas e arquitetura limpa do moderno com detalhes geométricos nas janelas. Alguns ainda preservam os balcões nas janelas e uma pequena varanda, como o prédio localizado como o localizado na Rua Maranhão, 229.
Para a professora, esse tipo de arquitetura não tem "valor histórico", pois são construções que não compreendem a estética de nenhuma fase. "São obras que mesclam duas fases, sem a estética de nenhuma delas. Com a retirada das placas, esse tipo de edificação revela um lado feio da arquitetura da época de transição. Em alguns casos, a solução é a derrubar e construir um prédio novo, pois esse tipo de construção não permite grandes intervenções estruturais", afirma.
A diretora de Patrimônio Histórico da Secretaria de Cultura, Vanda de Moraes, afirma que o patrimônio arquitetônico de Londrina está em constante construção, pois a cidade é nova. "Mesmo que as edificações sejam mais simples e não contenham todos os elementos das fases da arquitetura é o temos. Esse é o nosso patrimônio."
Vanda diz que nos casos em que os prédios apresentem boas condições estruturais, os proprietários devem manter os traços originais, preservando as características do Centro Histórico. Para ela, com a ajuda de profissionais de arquitetura é possível encontrar soluções adequadas para estabelecimento comercial.
Um exemplo, é o prédio onde está instalado o Café do Feirante, no cruzamento das ruas Pio XII com Hugo Cabral. O projeto arquitetônico foi traçado levando em consideração as características originais da construção. "Quando escolhemos o ponto comercial um arquiteto da franqueadora desenvolveu o projeto já levando em consideração as regras da nova lei. A arquitetura preservada valorizou o estabelecimento", diz a proprietária Marlene Serafim Moreno.
Conforme a arquiteta, as obras das fases moderna e contemporânea não foram afetadas com a instalação das placas publicitárias, pois os projetos já previam os estabelecimentos comerciais. "Um exemplo é o Centro Comercial [na Rua Piauí] que marca bem o estilo moderno: grandes prédios, com linhas retas e limpas."
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