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Segurança

Cidades americanas têm alta na criminalidade após reduzirem orçamento da polícia

PROTESTOS MINNEAPOLIS
Um grupo de manifestantes com mensagens contra a polícia se reúne do lado de fora da casa do procurador do condado de Hennepin, Mike Freeman. (Foto: Stephen Maturen/Getty Images/AFP)

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Um rapaz foge apressadamente pela calçada de uma área comercial, tentando deixar para trás um bandido encapuzado, que o persegue em plena luz do dia. Na fuga, o rapaz esbarra em duas crianças e cai ao chão, sobre elas. O encapuzado se aproxima e atira diversas vezes a queima-roupa, a centímetro das duas crianças, que escapam ilesas por sorte. A cena ocorreu há poucos dias, em Nova York, e nem de longe é uma exceção.

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Grandes cidades americanas, como Nova York, Chicago e Los Angeles enfrentam uma onda de criminalidade. Em comum, essas cidades têm o fato de serem administradas pelo Partido Democrata - e, geralmente, pelas alas mais à esquerda da legenda, e de terem sucumbido à pressão por cortes no orçamento da polícia.

Reação após morte em Minneapolis

Em maio do ano passado, policiais de Minneapolis, nos Estados Unidos, mataram George Floyd ao asfixiá-lo, depois que tentou resistir à prisão por ter sido pego com notas falsas. O episódio foi visto como uma evidência de racismo e protestos rapidamente se espalharam pelo país - alguns deles violentos. Além de pedir ações efetivas contra abusos policiais, muitas organizações queriam uma medida mais radical: reduzir e até remover o orçamento da polícia. Em muitas cidades, prefeitos e conselheiros municipais (equivalentes aos vereadores) consentiram.

Um relatório do Police Executive Research Forum concluiu que quase metade das polícias americanas (que, quase sempre, são subordinadas às prefeituras) teve o orçamento reduzido no ano passado. Nem sempre a causa foram os protestos, já que a pandemia também afetou os orçamentos país afora. Mas as manifestações e a pressão de figuras públicas teve efeito. Um sinal disso é o fato de que a redução nos orçamentos foi mais frequente nas grandes cidades, onde o Partido Democrata governa quase sem oposição.

O resultado pôde ser medido nas estatísticas já no final do ano: um aumento de 30% na taxa de homicídios, segundo um estudo feito pela Arnold Ventures, uma entidade sem fins lucrativos, em 34 grandes cidades. Isso representa 1.268 mortes a mais - em um período em que outros crimes caíram naturalmente por causa da pandemia, como o furto a residência e os delitos relacionados a drogas.

O levantamento identificou crescimentos de 85% na taxa de homicídios em Milwaukee, 63% em Seattle e 55% em Chicago. Também houve altas expressivas em Nova York (43%), Atlanta (37%), Los Angeles (37%) e na Filadélfia (27%).

Embora afirme que a relação entre os protestos e a taxa de criminalidade ainda precise ser melhor explicada, os autores mencionam que uma explicação plausível é o chamado “Efeito Ferguson”. Em 2014, a morte de Michael Brown, em Ferguson, no estado do Missouri, também provocou manifestações e questionamentos sobre a atuação da polícia, que levaram a políticas públicas que limitaram a atuação dos policiais. Nos dois anos seguintes, os homicídios cresceram um acumulado de 22%, na maior alta em 25 anos.

E a situação continua piorando neste ano: na cidade de Chicago, até agora, os números são 5% maiores do que os de 2020 no mesmo período. Nova York fechou o mês de maio de 2021 com um aumento de 22% na criminalidade em comparação com 2020. Na maior cidade americana, os disparos de arma de fogo aumentaram 73%. Os homicídios registraram alta de 17%.

O caso de Minneapolis, onde George Floyd morreu, talvez seja ainda mais emblemático. Em 2020, a cidade teve 83 homicídios e 1931 assaltos - no total, foram 5.427 crimes violentos (que não incluem furtos). Em 2019, haviam sido 48 homicídios e 1.318 assaltos, com um total de 4323 crimes violentos. O aumento de um ano para o outro foi de 73%. A tendência continua.

De 1º de janeiro a 20 de junho de 2019, houve 15 homicídios em Minneapolis. De 1º de janeiro a 20 de junho de 2020, foram 24 assassinatos. No mesmo período deste ano, foram 41. Talvez por isso, mesmo os políticos locais mais à esquerda recuaram na proposta de abolir a polícia e substituí-la por um "Departamento de Segurança Comunitária e Prevenção à Violência".

“Nós vamos desfazer o Departamento de Polícia de Minneapolis. E quando tivermos terminado, não vamos simplesmente montá-lo de novo”, prometeu, no ano passado, o conselheiro municipal Jeremiah Ellison. Um ano depois, isso não ocorreu - e nem vai. Alarmadas pelo aumento na criminalidade, as autoridades locais frearam o plano e o substituíram por uma proposta mais modesta.

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