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Juliana, com dores no corpo, sintomas da leptospirose, recebe soro como precaução |
Juliana, com dores no corpo, sintomas da leptospirose, recebe soro como precaução| Foto:

Passado o resgate dos isolados e o atendimento às vítimas, os municípios catarinenses se mobilizam para o controle epidemiológico, ou seja, o tratamento de doenças causadas pela enxurrada, como leptospirose e tétano. Há seis casos suspeitos de leptospirose em Blumenau, e outros começam a aparecer em outras cidades do Vale do Itajaí-Mirim. No caso da leptospirose, cujos sintomas levam geralmente de sete a 12 dias para aparecer, médicos estão aguardando que nos próximos dias mais pacientes procurem os hospitais com sinais da doença, já que o temporal aconteceu há oito dias.

Para desafogar o atendimento, a Força Aérea Brasileira (FAB) começa a operar hoje o hospital de campanha montado no entroncamento da BR-101 com a SC-470, em Itajaí. A estrutura tem capacidade para atender 400 pacientes por dia e conta com um centro cirúrgico para a realização de cirurgias de pequena e média complexidades. Esse é o segundo hospital de campanha montado em Blumenau. O primeiro, do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e do Corpo de Bombeiros, atendeu principalmente os feridos mais graves da tragédia no Morro do Baú, em Ilhota.

Jean Carlo Muller, médico do pronto-socorro do Hospital Santa Isabel, o maior da região, diz que, se não fossem os hospitais de campanha e os médicos que estão atendendo nos abrigos, o hospital não daria conta do atendimento. Ele diz que, desde sábado, aumentou a procura de pacientes com suspeita de leptospirose, com sintomas parecidos ao de uma gripe. "É bom que as pessoas com sintoma venham", afirma. "A leptospirose pode matar." Segundo o médico, é importante que a população procure atendimento para o diagnóstico precoce da doença e para o mapeamento epidemiológico da cidade.

Ao chegar ao hospital, o paciente é submetido a um exame rápido, que fica pronto em algumas horas, e, após ser medicado, em alguns casos, já pode até ir para casa. O teste definitivo, que dará o resultado final, leva cerca de 15 dias. Se o exame inicial indicar risco, ele começa a tomar um antibiótico, e, caso o exame final comprove a doença, ele passa a receber a medicação forte.

A auxiliar administrativa Juliana Wegner procurou ontem o hospital com dores no corpo e de cabeça. Para o exame inicial, foi coletado sangue dela, e, enquanto aguardava o resultado, Juliana recebia soro. Ela acredita que dificilmente seja leptospirose, pois não entrou em contato com a chuva, apenas com a lama.

Já a secretária municipal de saúde, Elizabete Pereira, reuniu ontem gestores e especialistas da saúde para definirem um protocolo único de atendimento a ser seguido em casos de leptospirose. Ela explica que no protocolo do Ministério da Saúde vários tratamentos são possíveis, e o município irá reavaliá-lo. Segundo a secretária, o objetivo é que não sejam feitos diagnósticos errados nem que se atrase o tratamento. "Não estamos falando de cem pessoas. Podemos estar falando de milhares", afirma. "Vamos usar o que há de mais eficaz e moderno no atendimento em Blumenau."

Antes da enxurrada, muitas pessoas haviam sido imunizadas contra tétano, através de uma campanha feita pelo município neste ano. Segundo Elizabete, a assistência médica também oferecida é ampla: são cem médicos permanentemente durante a cheia. (BMW)

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