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Cidades sacudidas pelo ensino superior

Bairros no entorno do câmpus da UTFPR em Guarapuava receberam pavimentação asfáltica com a vinda da universidade | Marizete Righi Cechin/UTFPR
Bairros no entorno do câmpus da UTFPR em Guarapuava receberam pavimentação asfáltica com a vinda da universidade (Foto: Marizete Righi Cechin/UTFPR)

Ainda funcionando em área provisória, o câmpus da Universidade Federal do Paraná (UFPR) em Jandaia do Sul já representa novas perspectivas para o desenvolvimento do município de pouco mais de 20 mil habitantes, no Norte do estado. Poder público e direção da universidade apostam em um impacto semelhante ao provocado pela instalação de polos educacionais em outras cidades paranaenses, como Palotina e Guarapuava. Os ganhos devem ir além da formação de mão de obra qualificada, alcançando também o estímulo da economia e da cultura locais.

Até o ano passado, Jan-daia do Sul tinha apenas uma única instituição de ensino superior, a Faculdade de Jandaia do Sul (Fafijan), fundada há mais de 40 anos no município. Particular, a unidade firmou uma parceria com a UFPR e hoje abriga os cursos da universidade até que as instalações definitivas fiquem prontas em terreno doado pela prefeitura. Cursos de graduação em instituições públicas só eram ofertados em Apucarana, a 20 quilômetros de distância.

O novo câmpus da UFPR deve contemplar uma área de 28 municípios pertencentes à região do Vale do Ivaí, com custo de R$ 2,6 milhões por ano.

Na primeira etapa, estão sendo ofertados os cursos de engenharias de Produção, Alimentos e Agrícola, além de licenciaturas em Ciências Exatas e Computação. "Estamos com 250 alunos e 50 professores. Com certeza, isso tudo vai se traduzir no alcance das necessidades locais", complementa o coordenador de expansão da UFPR em Jandaia, Paulo Kruger.

Projeção

O prefeito de Jandaia do Sul, Dejair Valério (PTC), destaca que foi realizada uma pesquisa, em parceria com a UFPR, para avaliar quais seriam os melhores cursos para a região, carente na área de Exatas. Ao mesmo tempo, desde que o anúncio da vinda do câmpus para a cidade foi feito, setores como o de serviços e o imobiliário começaram a se movimentar para receber estudantes e funcionários. "Se procurarmos hoje casa para alugar na cidade, vai haver dificuldade. Estamos assinando de 10 a 15 alvarás por dia para a construção de novos empreendimentos. Antes, era de oito a dez", compara.

Valério acredita ainda que, aos poucos, a renda per capita de Jandaia do Sul deverá será influenciada pelo novo câmpus da UFPR. A implantação da universidade no município já atraiu jovens de outros estados, como Bahia e Espírito Santo, e está levando a prefeitura a atualizar o plano diretor, com apoio da instituição de nível superior. "Precisamos viabilizar nosso crescimento de forma ordenada. Temos problemas com água, energia e ainda temos de implantar transporte público", pontua.

Estudantes gastam R$ 1 milhão por mês

Um exemplo de como uma universidade pode mexer com a vida de uma cidade é a instalação do campus da Universidade Federal do Paraná (UFPR) em Palotina, ainda na década de 1990. O primeiro curso oferecido foi o de Medicina Veterinária, em virtude do perfil agrário da região. Na época, foi preciso que a comunidade se mobilizasse para arrecadar fundos para a construção do prédio.

Hoje a estrutura reúne 1,5 mil alunos e oferta dez cursos de graduação. O professor Elizandro Frigo, diretor da unidade, analisa que a universidade colaborou para aumentar não só a população local, mas também a renda em circulação. "Os terrenos do entorno do campus tiveram o valor multiplicado e tivemos uma inserção de capital de mais de R$ 1 milhão por mês, com o que os alunos gastam na cidade", comenta. Ele acredita que em Jandaia do Sul deva ocorrer o mesmo. Ao final de quatro anos, diz, é provável que 8% da população local sejam estudantes da UFPR. Em Palotina, este porcentual é de 10%.

"O município ganhou mais diversidade cultural. Com a vinda de professores e técnicos administrativos [150 no total], as escolas privadas também aumentaram. Além das estaduais e municipais, são três particulares, mais cursinhos para vestibular", diz uma das primeiras funcionárias da UFPR em Palotina, a chefe de gabinete da direção Neivanir Stonchiado Pastori.

Qualificação universitária para o campo

Maria Gizele da Silva, da sucursal de Ponta Grossa

Em Laranjeiras do Sul, no Sudoeste, a primeira universidade do Brasil instalada num assentamento rural – o câmpus da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) – funciona desde abril do ano passado. Os cursos de graduação são voltados para as demandas da área rural, com foco no conhecimento que alimenta os movimentos sociais.

O coordenador administrativo do câmpus, Fernando Zatt Schardosin, lembra que entre as cinco graduações há o curso de Licenciatura em Educação do Campo, para formar docentes para escolas rurais. Uma novidade é o curso de mestrado em Agroecologia e Desenvolvimento Regional Sustentável. "A universidade investiu R$ 30 milhões em obras e só a folha de pagamento colocou R$ 8,5 milhões na cidade entre abril e dezembro", completa o coordenador.

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