É época de pinhões. É também quando os paranaenses percebem mais claramente como essa semente – não, não é fruto – faz parte da nossa cultura. Mas saborear o concentrado de amido está mais caro. Vendido em latas de azeite, em redinhas na beira da estrada ou mesmo a granel em supermercados, o preço do pinhão tem aumentado ano a ano. Em alguns locais é possível achar o quilo por até R$ 10. Há pouco tempo, era vendido a R$ 2. Pesa no bolso do consumidor e fica cada vez mais interessante para os agricultores.
Incentivar o cultivo de araucárias para a venda de pinhões é um dos objetivos do pesquisador Flávio Zanette, da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Ele passou boa parte da vida desenvolvendo técnicas que acelerem e melhorem a produção. Recentemente, Zanette esteve em Caçador (SC) para “visitar” uma árvore que produziu 674 pinhas na última safra. Ele também recebeu pinhas gigantes que vieram de São José dos Ausentes (RS). Uma delas tinha 7 quilos – quando a média varia entre 2 e 3,5 quilos. Com os dois casos fora do comum, o pesquisador pretende fazer mudas e outros experimentos para tentar ampliar a produção. Uma só arvore pode render mais de R$ 1000 por ano. Zanette afirma que um hectare chega a representar uma fonte de renda na casa dos R$ 20 mil ao ano, por muitas e muitas décadas, capaz de garantir um futuro até para os descendentes do proprietário rural.
Quem também trabalha para tornar o cultivo de araucárias mais lucrativo é a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Brotos extraídos da copa de árvores adultas foram enxertados em mudas para produzir plantas mais baixas e com produção precoce. Geralmente, só quando chegam aos 12 anos de idade e aos oito metros de altura, as araucárias começam a produzir pinhões. Com a nova técnica, a primeira safra é aos seis anos e aos seis metros de altura, o que facilita a coleta das sementes. O pesquisador Ivar Wendling, da Embrapa Florestas, pretende produzir pinhão o ano inteiro – e não apenas nos meses frios, como atualmente. Para realizar pesquisas e também assegurar o patrimônio da espécie, a Embrapa Florestas mantém um banco genético.
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