Com 95% de certeza, cientistas indicam a ação do homem como a maior causa do aquecimento global| Foto: Felipe Rosa/ Gazeta do Povo

Degelo

Elevação das temperaturas comprometerá entre 15% e 85% das geleiras até 2100

Com temperaturas mais elevadas, o derretimento de geleiras nunca foi tão intenso. Entre 1979 e 2012, o Ártico perdeu entre 3,5% e 4,1% de sua área a cada década. Na Antártida, a perda foi de 1,2% a 1,8% por década no mesmo período. As projeções indicam que em 2100, entre 15% e 85% das geleiras e extensões de neve da Terra terão desaparecido, considerados o melhor e o pior dos cenários.

Se o planeta aquece e parte das geleiras desaparece, maior se torna o nível dos oceanos. Entre 1901 e 2010 eles já subiram 19 centímetros e a previsão é de que aumentem entre 26 e 81 centímetros até 2100.

Por apresentar uma síntese de dados tão densa e consensual, o IPCC – prêmio Nobel da Paz de 2007 – virou referência mundial. Mesmo tendo sido alvo de ondas de críticas a partir de 2009 por erros pontuais em estudos, o relatório é considerado pelos próprios delegados governamentais como "extremamente influente", devendo nortear as negociações diplomáticas entre a Conferência do Clima de Varsóvia (COP 19), em novembro, e a de Paris (COP 21), em 2015, quando líderes políticos tentarão fechar um novo acordo. (AE)

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Depois de seis anos de trabalhos, o Painel Intergo­ver­namental de Mu­danças Climáticas (IPCC) das Nações Unidas, a maior autoridade em aquecimento global do mundo, lança hoje seu novo relatório-síntese sobre o estado do planeta.

As constatações são drásticas: a concentração de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera, gás oriundo da queima de combustíveis fósseis e o mais nocivo ao ambiente, cresceu 40% desde 1750 e continua a se acumular. Com isso, a temperatura na Terra já subiu 0,89ºC entre 1901 e 2012 e vai se elevar entre 1,5ºC, no melhor cenário, a 6ºC no pior até o final do século. E isso é só o começo.

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O novo relatório, que será anunciado hoje em Esto­colmo, às 10 horas, (5h de Brasília), é visto como o melhor inventário sobre a saúde do planeta já realizado pelo homem. Pelos cálculos do IPCC, a concentração de CO2 na atmosfera vem se intensificando – subiu 20% entre 1750 e 1958.

O resultado imediato é o agravamento do efeito estufa, que provoca o aquecimento da Terra. "Cada uma das últimas três décadas foi mais quente que todas as décadas precedentes desde 1850, e a primeira década do século 21 foi a mais quente", advertirá o relatório. Entre 2016 e 2035, o planeta deve aquecer entre 0,3ºC e 0,7ºC.

A conclusão mais importante de todas as trazidas pelo relatório não é nova, mas é cada vez mais certa. Com 95% de certeza, os cientistas indicam a ação do homem – "antropogênica" – como a maior causa do aquecimento global. Há seis anos, essa certeza era de 90%, e em 2001, de 66%.