O tabaco será responsável, em 2012, por 37% dos novos casos de câncer no Brasil. É o que mostra uma estimativa divulgada ontem, no Dia Mundial Sem Tabaco, pelo Instituto Nacional de Câncer (Inca). Segundo o órgão, apesar da tendência de queda no número de fumantes, as doenças causadas pelo tabaco permanecem em um patamar alto e devem manter-se estáveis nos próximos anos.
No Brasil o número de pessoas que se declara fumante já é menor que a quantidade de ex-dependentes do tabaco, segundo pesquisa da Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico, do Ministério da Saúde. Em 2011, 14,8% da população se declarava fumante, contra 21,7% que dizia ter deixado o hábito.
Mesmo assim, o alto número de fumantes que o país atingiu em décadas anteriores eleva a expectativa de novos casos de câncer, segundo o médico do departamento de controle do tabaco do Inca Ricardo Meirelles. Ele prevê que os índices de câncer causados pelo fumo no Brasil se estabilizem somente daqui a quatro anos.
Malefícios
Com o uso prolongado de cigarro, o fumante pode desenvolver diversos tipos de câncer, como explica o médico oncologista Vinícius Basso Preti, do departamento de cirurgia abdominal e torácica do Hospital Erasto Gaertner. O câncer de pulmão é o mais recorrente, sendo 90% dos casos dessa doença provocados pelo tabaco, mas também há casos em outros órgãos dos aparelhos respiratório e digestivo.
O uso do cigarro traz consequências progressivas, que podem começar com rouquidão e falta de ar até o desenvolvimento de células cancerígenas. Entretanto, segundo o especialista, isso varia de acordo com o organismo do tabagista. A operadora de telemarketing Thalyta Pivova dos Santos é fumante há dez anos. Ela sabe dos malefícios, mas tem dificuldades em parar de usar. "Sinto cansaço para fazer atividades físicas, mas a vontade de fumar é maior".
O fato de uma pessoa apresentar sintomas lentos e progressivos faz com que ela não perceba os efeitos até que o câncer ou outra doença apareça, explica Preti. O especialista diz que somente após cinco anos longe do tabaco um ex-fumante tem reduzido o risco de desenvolver câncer.