Curitiba está em vias de alterar o Plano Diretor e, consequentemente, repensar a mobilidade urbana da cidade. São Paulo, conhecida pelo trânsito caótico, vem implantando, entre outras medidas, mais ciclovias e corredores exclusivos para ônibus para priorizar meios de transporte que não seja o automóvel. No caso do Rio de Janeiro, a Copa do Mundo e as Olimpíadas mudam a cara da cidade, com a chegada dos BRTs (Bus Rapid Transports), VLT (Veículo Leve Sobre Trilhos) e mais linhas de metrô. Mas, afinal, como uma cidade grande pode melhorar a mobilidade urbana em meio a tantas construções e rodovias consolidadas?
Durante seminário realizado pela Ford em São Paulo sobre mobilidade urbana, a Gazeta do Povo ouviu especialistas no assunto para saber as formas mais viáveis para a melhoria do acesso a serviços nas cidades. Confira cinco medidas que podem ser adotadas:
1. Foco no pedestre: é uma questão ampla para os especialistas, mas pode ser resumida em alguns pontos, em especial pensar na cidade de uma forma que não se invista em primeiro lugar no automóvel. A construção de calçadas mais largas e investimento em transporte público são medidas que priorizam o pedestre. Com relação ao do transporte público, o ideal é melhorar a qualidade dos veículos, do atendimento das linhas e da integração tanto dentro de um município quanto de toda a região.
2. Investir nos bairros: para melhorar o acesso do pedestre e diminuir distâncias, uma das saídas é descentralizar as grandes metrópoles. Serviços, comércio e bens públicos não podem ficar restritos à região central e bairros adjacentes. As periferias precisam receber investimentos, para que a população possa trabalhar, estudar e morar sem grandes descolamentos.
3. Serviços em edifícios: na mesma linha do investimento nos bairros, uma estratégia que pode ser adotada é abrigar em andares térreos dos prédios diversos tipos de serviços e estabelecimentos comerciais, o que facilita a locomoção de pessoas que buscam, muitas vezes, comércio e serviços – como ir ao dentista, médico, procurar um advogado ou cartório. Faltam oportunidade nos bairros.
4. Carona: em tempos de repensar o trânsito, o carro é visto como vilão... mas nem sempre. Que tal ao invés de quatro amigos saírem todos com seus carros de casa, apenas um usar o veículo e os outros pegarem uma carona com ele? Seriam três automóveis a menos no trânsito, que já não ficaria tão caótico.
5. Planejamento a longo prazo: é comum o brasileiro ter suas expectativas frustradas na área de mobilidade quando muda a gestão municipal. O que estava planejado para os anos posteriores cai por terra, pois o novo prefeito tem outras ‘prioridades’, muitas vezes impregnadas de interesses políticos. Para os especialistas, os gestores precisam pensar em planos de urbanização e mobilidade a longo prazo e não apenas em suas gestões de quatro ou oito anos. Isso facilitaria para a população cobrar de qualquer prefeito as mudanças esperadas para o município.