Cinco guardas municipais de Foz do Iguaçu, no Oeste do Paraná, foram detidos nesta quarta-feira (29) acusados de integrar uma quadrilha que contrabandeava produtos do Paraguai para o Brasil via Foz do Iguaçu. As prisões foram feitas pela Polícia Federal (PF) durante a "Operação Rapel". Além dos guardas, oito pessoas do grupo criminoso foram detidas - entre elas os chefes do bando.
O delegado federal Alexander Noronha Dias, responsável pela operação, explica que a função dos guardas era escoltar e por vezes até transportar os produtos contrabandeados - em sua maioria equipamentos de eletrônica e informática. "Os guardas usavam até viaturas da Guarda Municipal para fazer a escolta", detalha. A quadrilha estava sendo observada pela PF desde janeiro deste ano, quando a investigação passou da Promotoria de Investigação Criminal (PIC) para a PF.
Os nomes dos oito presos não foram divulgados pela PF porque, segundo Dias, o caso corre em segredo de justiça. Os cinco guardas tiveram os nomes divulgados pelo secretário municipal da Segurança Pública, coronel Renato Ribeiro Peres. Foram presos o inspetor Ubirajara Pigatto Ribeiro, e os guardas Getúlio Antonio dos Santos, Ricardo Tadeu Cabral, Marcelo Yarid Enríquez, e Alex Dalcin. Os dois últimos já haviam sido presos em junho, em outra operação da PF, e estavam afastados do serviço.
Guardas podem ser demitidos
Em nota, o secretário municipal afirmou que foi aberto processo administrativo para apurar o envolvimento dos guardas municipais com a quadrilha, e se comprovada participação os cinco podem ser demitidos da corporação.
Sem identificar, o delegado Dias disse por telefone que um dos guardas, em depoimento, confirmou a participação dele e dos outros quatro servidores na atividade ilícita da quadrilha. "Um dos guardas confessou o envolvimento e delatou os outros quatro. Isso reforça o nosso trabalho de investigação que estava bastante consolidado", comentou Dias. Os guardas chegavam a utilizar a freqüência da polícia para descobrir possíveis barreiras da PF.
Os outros oito detidos também prestaram depoimento. "Alguns deles confessaram, outros não", contou o delegado. Todos os 13 detidos na operação estão na delegacia de Foz. Eles tiveram a prisão temporária decretada pela justiça.
Além das prisões, os agentes apreenderam quatro veículos, entre elas uma caminhonete 2007 paga à vista, computadores e documentos usados pela quadrilha.
O esquema
O esquema utilizado pelo grupo criminoso para ingressar com os produtos contrabandeados no Brasil não é diferente dos já utilizados por outras quadrilhas. Com contatos no Paraguai, os integrantes da quadrilha estocavam os produtos no país vizinho. Geralmente à noite, a quadrilha fazia a travessia do contrabando em pequenos barcos.
Na margem do lado brasileiro, estes produtos eram colocados em pequenos carros para não chamar a atenção da polícia. Os produtos eram levados, sob escolta dos guardas municipais, até as cidades próximas - Cascavel e São Miguel do Iguaçu. A PF rastreou e descobriu que grande parte do contrabando era enviado para São Paulo e uma pequena parte para Minas Gerais.
Investigação
As investigações começaram há nove meses pela PIC. No início, a polícia pensava que o contrabando chegava somente pelo rapel, com cordas usadas na Ponte da Amizade. No entanto, com o avanço nas investigações foi descoberto que barcos e portos clandestinos eram usados no esquema que transportava basicamente produtos de informática e cigarros.
Durante o período de investigação, a PF realizou 11 ações que confirmaram a suspeita da ação da quadrilha de contrabando. O delegado Dias explicou que com as ações de fiscalização o poder financeiro da quadrilha foi abalado. "Com menos dinheiro, a quadrilha passou a contrabandear cigarro ao invés de equipamentos eletrônicos". A PF ainda não quantificou o dinheiro movimentado pela quadrilha.
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