A greve dos agentes bancários, iniciada no dia 19 de setembro, lançou as casas lotéricas à mira das quadrilhas especializadas em roubos. Dados da Delegacia de Furtos e Roubos (DFR) apontam que, desde que os funcionários dos bancos cruzaram os braços, cinco lotéricas foram assaltadas três em Curitiba e duas, em São José dos Pinhais, região metropolitana. Segundo a polícia, todos os assaltos foram cometidos pela mesma quadrilha.
O caso que ganhou maior repercussão ocorreu na noite de segunda-feira (4), no Centro de Curitiba. Na ocasião, uma lotérica situada na Rua Doutor Muricy foi invadida por três homens armados. O da Polícia Federal (PF) Edson Martins Matsunaga, 45 anos, , saía de uma unidade da corporação ao lado da lotérica quando percebeu a ação dos bandidos. Matsunaga tentou impedir o assalto, mas foi baleado e morreu a caminho do hospital.
No mesmo dia, uma casa lotérica situada na Rua Comendador Araújo, no Batel, também foi roubada. "Há suspeitas de que a quadrilha tenha assaltado este estabelecimento do Batel e ido direto à lotérica do Centro, onde o policial federal foi morto", disse o superintendente da DFR, Hélcio Piassetta. O mesmo estabelecimento já havia sido roubado na semana anterior.
Em São José dos Pinhais, duas lotéricas foram assaltadas desde o início da greve dos bancos uma no Centro, outra no bairro São Marcos. A Guarda Municipal atua em conjunto com a DFR para prender a quadrilha.
Imagens e procedimento
As imagens do circuito de segurança das lotéricas assaltadas mostram que os bandidos agem da mesma maneira. Os crimes sempre são cometidos por dois homens aparentemente jovens. Eles se passam por clientes, até que um anuncia o assalto. Um dos bandidos fica na porta, com arma apontada aos clientes, enquanto o outro, também armado, arromba a porta que dá acesso aos caixas e efetua o roubo.
De acordo com a DFR, pelo menos outros dois homens ficam do lado de fora, dando cobertura e esperando os comparsas para a fuga. Nos assaltos às lotéricas de São José dos Pinhais, a Guarda Municipal confirmou que foram usados carros roubados na ação.
"Este grupo é composto por pelo menos quatro pessoas, que revezam de função nos assaltos. Em um roubo, dois entram e rendem as vítimas. Na outra ação, eles vão ficar fora para dar cobertura", explica Piasseta.
Além da greve dos bancos, o prêmio acumulado de R$ 115 milhões da Mega-Sena também contribuiu para aumentar as filas nas casas lotéricas e para chamar a atenção dos bandidos para estes estabelecimentos.
Policial federal assassinado
O agente da PF Edson Martins Matsunaga, 45 anos, morreu quando era levado ao Hospital Evangélico em um taxi. Ele foi atingido por um tiro, ao tentar impedir o assalto à lotérica da Rua Doutor Muricy, no dia 4 de outubro.
Um dos acusados de participação no roubo, Douglas Cândido Rodrigues, de 23 anos, foi detido pela PF. O rapaz é foragido da Colônia Penal Agrícola e já tem passagens por roubo e porte ilegal de arma. Outros dois bandidos conseguiram fugir em uma motocicleta. A polícia investiga a suposta participação de uma mulher loira, que daria cobertura à quadrilha em um Palio.