Paris e São Paulo - A operação para localizar os destroços do Airbus A-330 mobiliza uma força internacional que tem a participação de equipamentos, especialistas e técnicos de pelo menos cinco nacionalidades. Além do Brasil, a França conta com a ajuda de Espanha, Estados Unidos e Holanda. Pelo menos 50 pessoas foram destacadas pela França para participar das investigações do acidente do voo 447, da Air France, que matou 228 pessoas, no domingo. Serão 30 peritos da Airbus e da Air France e 20 pessoas do próprio escritório.
Ontem, o Comando da Aeronáutica brasileiro informou que foram localizados mais destroços do avião. Também foi identificada uma mancha de óleo em uma extensão de 20 quilômetros. Foram localizados cerca de dez objetos alguns deles metálicos. Entre o material está uma peça de 7 metros de diâmetro. Não há, no entanto, confirmação de qual seria a peça.
Os destroços foram localizados na madrugada de ontem, durante as buscas realizadas pelo avião-radar R-99. Por volta das 3h40 foram identificados mais quatro pontos de materiais, a 90 quilômetros ao sul de onde foram encontrados os primeiros pedaços, na terça-feira.
Trilhas
Os restos do avião achados ontem estavam concentrados em duas trilhas distantes entre si 230 quilômetros e longe dos primeiros destroços, encontrados na terça-feira. As buscas agora estão concentradas num raio de 200 quilômetros traçado a partir dos destroços localizados no primeiro dia. Não foi possível identificar marcas da Air France, mas a equipe de investigação acredita que os destroços são do Airbus.
Principal evidência encontrada até aqui, a peça metálica de sete metros pode ser parte da cauda ou de uma lateral do avião, segundo as primeiras informações. A estrutura será fundamental para esclarecer que tipo de avaria o Airbus sofreu.
Os destroços serão levados para Fernando de Noronha e, em seguida, para Recife. Segundo o ministro da Defesa, Nelson Jobim, as peças serão entregues à França, país responsável pelas investigações.
Espaçamento
A Aeronáutica e a Marinha brasileiras informaram que o espaçamento dos objetos encontrados no mar vai dizer se o Airbus despencou verticalmente, se a aeronave se espatifou apenas ao bater na água ou ainda se ela se desintegrou no ar enquanto caía.
Na análise da posição dos objetos, engenheiros e técnicos vão levar em conta a velocidade e a direção das correntes marinhas para definir se eles caíram juntos ou fragmentados em pontos diferentes. Outro grupo vai verificar as condições meteorológicas em detalhes na ocasião do acidente, quando a região enfrentava uma tempestade de grandes proporções, com raios e granizo.
Os dados climáticos do momento do acidente foram requisitados no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e em outras instituições meteorológicas do Brasil e do exterior. Os destroços e vestígios, como amostras de óleo, estão sendo recolhidos com cuidado redobrado para preservar as características que possam esclarecer o acidente.
Altitude
A FAB também disse ontem que não era possível afirmar se o Airbus estava fora da altitude prevista no plano de voo, conforme chegou a ser divulgado na imprensa. "Nós não temos como confirmar ainda, porque é fator de investigação de acidente.
O subchefe do Centro de Comunicação Social da Aeronáutica, coronel Jorge Amaral, disse que a modificação de nível de voo é "comum em qualquer rota. "Essa mudança de nível, dizer que isso acarreta alguma coisa, não acarreta em nada, afirmou. "Até onde o radar pegou, [o avião] estava cumprindo o plano de voo perfeitamente.
Navio
O primeiro navio da Marinha, o Grajaú, chegou ontem à região do Oceano Atlântico onde foram detectados destroços do Airbus. Segundo o Comando da Marinha, o navio ainda não havia conseguido encontrar os destroços porque ondas de até 2 metros de altura estão dificultam o trabalho de visualização.
Até a noite de ontem, nenhum destroço havia sido recolhido pelos navios. Quando isso ocorrer, equipes se ocuparão de coletar informações com base no material que for resgatado.