A Gazeta do Povo visitou o Seminário Nacional NTU 2015 & Transpúblico, realizado na última semana em São Paulo, e selecionou cinco produtos ou serviços que prometem trazer mais conforto e facilidades para a vida dos passageiros, além de melhor a eficiência e gestão de operadoras e gestores do transporte público.
Ar-condicionado
São Paulo apresentou no Seminário os seus articulados da empresa Caio com dupla catraca, Wi-Fi, bancos estofados, ar-condicionado, contador de lotação, câmeras internas e externas (para flagrar o uso irregular da faixa exclusiva) e sistemas de avisos sonoros e visuais. Mas, os passageiros da cidade já conhecem esse veículo há algum tempo. A reportagem encontrou unidades deste tipo circulando nas zonas sul e leste, inclusive em linhas com destino à Cidade Tiradentes – bairro distante 45 km do centro da cidade. Cerca de 100 novos veículos estão sendo colocados em operação por mês na cidade desde junho. Apesar de mais confortáveis, os empresários que participaram da feira alertam que o ar-condicionado aumenta em, em média, até 25% o consumo do óleo diesel e que alguém deverá pagar essa conta no futuro. A prefeitura de São Paulo já paga R$ 1,5 bilhão de subsídio por ano ao sistema e encabeça um movimento para que outros setores da sociedade, como as empresas e o usuário do transporte individual, também passem a colaborar com melhorias para o sistema.
Segregação
Pontualidade e rapidez no deslocamento no transporte público. Em um trânsito cada vez mais estrangulado, é impensável que esses predicados pudessem ser atribuídos a um sistema de ônibus que passe por dentro de São Paulo e cidades vizinhas. Mas, isso é realidade e recebeu a aprovação de 75 % dos usuários de um corredor no Grande ABC. O índice foi obtido em uma pesquisa realizada no ano passado pela Agência Nacional de Transportes Públicos (ANTT). A velocidade média das 13 linhas que trafegam por esta via é de 21 km/h. O Ligeirão e Ligeirinho de Curitiba até trafegam com maior velocidade média, mas a experiência completa de embarque, integração e desembarque, nesse corredor paulista, está agradando mais o passageiro. Lá, o cartão Bilhete Ônibus Metropolitano (BOM) garante integração temporal, todos os veículos e pontos têm câmeras de monitoramento e o corredor recebeu 500 árvores manacás para sequestrar parte do gás carbônico liberado na operação. E isso porque o corredor ainda não recebeu priorização semafórica e o pagamento em estações de embarque. Ambas as medidas fazem parte de estudos para melhorar a vida.
Recarga inteligente
Curitiba tem algumas dezenas de pontos físicos de recarga do cartão-transporte e a possibilidade de compra de créditos pela internet com a disponibilização das passagens em até 72 horas - após o pagamento do boleto. Em São Paulo, os passageiros já recarregam o bilhete único no smartphone. Se quiserem, também transformar o smartphone em um bilhete. A Gazeta do Povo testou o sistema. É prático, rápido e sem custos adicionais. Basta encostar o cartão no aparelho ou o celular no validador, se essa for a opção. O pagamento pode ser feito pelo cartão de débito, com liberação automática dos créditos. A tecnologia está disponível nos smartphones Android com sistema NFC (Near Field Communication, ou Comunicação por proximidade, em tradução livre). Atualmente, 300 mil usuários utilizam o aplicativo. Ela será replicada ainda neste ano para os demais sistemas operacionais de smartphones, mas o usuário precisará validar a compra no ônibus. A reportagem também testou um relógio que será vendido a partir do próximo mês. Ele vem com um microchip, parecido com o de celular, e já funciona como bilhete único em qualquer validador da cidade. Na hora de recarregar, porém, uma atendente achou que era trote. Foi necessário procurar um segundo posto de recarga para colocar os créditos. Funcionou.
Gestão da frota
Uma das promessas da Associação Metrocard para a frota da Região Metropolitana de Curitiba, o aplicativo que rastreia a posição exata dos ônibus já é uma realidade nos 2.600 ônibus de Fortaleza. Atualizado a cada 30 segundos, o app “Meu Ônibus”, da M2M Solutions, é apenas a face visível de um complexo sistema de gestão a frota entre operador, gestor, fiscais e motoristas do transporte público da capital cearense. Todas as paradas estão identificadas. E os condutores conseguem visualizar com precisão se o veículo deles está dentro do itinerário. Os fiscais também têm tablets para se comunicar em tempo real com o Centro de Comando Operacional. O sistema foi lançado em junho passado e o aplicativo já teve mais de 150 mil downloads.
Suspensão a ar
Os tradicionais barulho e trepidação do transporte público podem estar com os dias contados. As fornecedoras de chassis presentes no Seminário da NTU apresentaram modelos com suspensão a ar viáveis economicamente, com motor traseiro ou dianteiro. De acordo com informações da Volkswagen, esse modelo custa entre R$ 10 mil e R$ 15 mil a mais do que o ônibus “comum” e o benefício é a diminuição radical do famoso “sacolejo” da viagem. Segundo representantes da empresa, a trepidação causada pelos buracos comuns ao asfalto na maioria das cidades brasileiras aliada à suspensão a mola de ferro – presente na maioria da frota no país -- cansa o passageiro sem que ele perceba. O conforto da suspensão a ar aumenta se for associado ao estofamento nos bancos – item já presente em frotas de São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte.