O tratamento cirúrgico clássico do aneurisma de aorta abdominal é feito com a substituição da porção dilatada da aorta por uma prótese de poliéster, semelhante a um conduíte de fiação telefônica, que substitui o vaso sanguíneo e faz a ligação entre as artérias renais e as ilíacas. Além de invasiva, a cirurgia exige mais tempo de internação hospitalar e uma reabilitação mais demorada. O risco de complicações durante o período intra e pós-operatório, até 30 dias depois da cirurgia, também é alto. Chega a 10% em pacientes de risco.

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A técnica de endoprótese, composta por um stent revestido de poliéster ou material semelhante, implantada por cateterismo, derruba a mortalidade para 2,5% para o mesmo grupo de pacientes. A comprovação está em um artigo de Mendonça, publicado no Jornal Vascular Brasileiro, revista oficial da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular, o primeiro estudo brasileiro que mapeia a sobrevida neste tipo de tratamento. Em um grupo de 40 pacientes de alto risco – idosos, com cardiopatias, doenças renais e/ou pulmonares graves –, dois morreram após 30 meses da cirurgia endovascular, ainda assim por complicações de saúde alheias ao tratamento do aneurisma.

O custo da endoprótese ainda é muito superior em relação à cirurgia aberta. A primeira é coberta pelos planos de saúde por R$ 13 mil. A endovascular chega a R$ 60 mil, incluindo procedimentos e o material. O alto custo e o pouco tempo de utilização da técnica (desde a década de 90) são argumentos de Mendonça para aplicação da endoprótese em determinados pacientes. "A técnica é relativamente recente e não se tem o acompanhamento de durabilidade e resistência que a versão clássica já demonstrou. É indicada para mais velhos e de alto risco pela qualidade de vida que proporciona a pacientes que dificilmente resistiriam ao tratamento convencional", diz.

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O radiologista intervencionista Alexander Corvello, do Hospital Santa Cruz, defende a aplicação da endoprótese em todo paciente com diagnóstico de aneurisma de aorta abdominal que tenha condições anatômicas para a realização da cirurgia, independente da idade. "O material está em constante evolução e tem vantagens sobre a técnica convencional", defende.

Osvaldo Caldarte, de 80 anos, foi o primeiro paciente do Sul do país a fazer a endoprótese, há dez anos, no Hospital Santa Cruz. Descobriu o AAA depois de duas paradas cardíacas, em 1993. Abalado com o diagnóstico de cardiopatia, Caldarte peregrinou por alguns consultórios até receber a proposta da cirurgia endovascular. Considera o médico que o operou um heroi. "Disso eu não morro mais", comemora o aposentado. A saúde vai tão bem que há três anos Caldarte é o síndico do condomínio de 52 apartamentos, onde mora. "Ninguém quer assumir a função. Dou conta de tudo."