Os pelos branquinhos e macios, os olhos azuis e o jeito brincalhão fazem Clara arrancar o sorriso de qualquer um. O primeiro filhote de leão branco que nasceu no Brasil já tem data para ocupar um lugar no zoológico do Beto Carrero World, em Penha (SC). Nascida no dia 19 de janeiro deste ano, ela alegra e enche de encanto e fofura qualquer que seja o ambiente em que esteja – inclusive a redação da Gazeta do Povo, onde esteve nesta tarde. Em julho, quando completar seis meses e pesar perto de 30 quilos, Clara deixará de brincar no colo dos veterinários e biólogos e será exposta no parque. Atualmente, ela pesa 8,5 quilos e daqui um ano, ela deverá estar perto dos 200 quilos.
Confira um vídeo com a leoa Clara em sua visita à Curitiba e no Bosque do Alemão
Ao longo desses meses, a leoazinha ganhou diversos “pais e mães”. Não faltou gente dentro do parque que não quisesse cuidar do bichano. Com um comportamento muito parecido ao de um filhote de gato, Clara adora brincar com ossos e bolas de plástico – ou com qualquer coisa que se esteja se mexendo. “O comportamento, de fato, é muito parecido com um filhote de gato”, comenta o médico veterinário do Beto Carrero World, José Daniel Fedullo.
Chegou a ser construído um espaço temático nos bastidores do parque especialmente para Clara. Além dos brinquedos, os banhos de sol matinais, a hora do soninho e da mamadeira fazem parte da rotina diária da nova integrante do parque. Segundo a biológa do Beto Carrero, Katia Cassaro, a bebê leoa é alimentada a cada três horas. “A mamadeira é preparada com leite de cabra, carne moída, vitaminas e sais minerais. Agora ela já está comendo também carne moída misturada com uma papinha de leite”, conta.
Rejeitada
Os únicos no Brasil
Os únicos exemplares de leões brancos no Brasil estão no Zoo do Beto Carrero World, desde 2011. O macho chama-se Mafunyane, referência ao criadouro de onde foi trazido, na África do Sul. As fêmeas também foram batizadas em homenagem ao continente de origem: Pretória, Zâmbia e Quênia. Os animais vieram de um criadouro chamado Mafunnyane Farm, na cidade de Brits. Pretória e Mafunyane são os pais de adorada Clara. Ao contrário do que algumas pessoas pensam, esta espécie não é albina, somente apresentam os pelos brancos. São chamados de “leucisticos” e possuem melanina, o que os tornam ainda mais raros.
A leoazinha está sendo tratada por veterinários e biólogos porque foi rejeitada pela mãe, que se chama Pretória, logo após o nascimento “Já esperávamos a possibilidade da rejeição. É algo relativamente comum este comportamento logo após o nascimento da primeira cria entre alguns felinos”, conta o veterinário Fedullo.
Ele relata que chegaram a sedar a mãe para examiná-la se não tinha outro filhote que tivesse ficado retido no útero. “Geralmente a leoa dá cria de três ou quatro filhotes. Neste caso, só tinha um mesmo e mais incrível é que a mãe não tinha produzido leite. O filhote não iria conseguir sobreviver. Só intervimos porque a cria foi rejeitada e não tinha nem como ela se alimentar”, afirma.
A bióloga Katia explica que a separação entre os “pais adotivos” e Clara deve ser realizada gradualmente, até a bichana estar pronta para ficar sozinha. “Esse processo deve ser lento e gradual para ela não se estressar e não prejudicar a saúde dela”, conta.
Missão
Festa no parque
Clara esteve nesta segunda-feira (20) em Curitiba e foi passear durante a tarde no Bosque do Alemão. Não havia quem não quisesse ver e tirar fotos do bichano. Crianças, adultos e adolescentes simplesmente pararam o que estavam fazendo para admirar a beleza da bebê leoa. Antes, Clara deu o ar da graça na redação da Gazeta do Povo.
Além de alegrar e encantar futuramente os visitantes, a grande missão da leoazinha é aumentar a população de leões brancos no planeta. “Esses animais eram caçados como troféus. Na década de 70 foram perseguidos por caçadores. Há muitos anos que não temos relatos de leões brancos na natureza”, relata Fedullo.
Segundo ele, há um projeto da Fundação Leão Branco que estuda a possibilidade de inserir os animais novamente na natureza africana. “Mas isso aconteceria primeiro em uma reserva isolada para ver como os animais iriam reagir”, diz. Em todo o planeta, acredita-se que existam cerca de 300 animais da espécie sob cuidados humanos.
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