• Carregando...
Grevistas dos Correios fizeram passeata pelo centro de Curitiba | Hedeson Alves/Gazeta do Povo
Grevistas dos Correios fizeram passeata pelo centro de Curitiba| Foto: Hedeson Alves/Gazeta do Povo

Curitiba – Elizandro Valdomiro Ribeiro e a mulher, Michelli Fanis Marcondes, realizaram um sonho: eles compraram um computador para ser usado, principalmente, pelo filho de 8 anos. Casados há 12 anos, eles não reclamam de pagar as parcelas. Michelli, que voltou a estudar para concluir o ensino médio, também usa o equipamento para fazer seus trabalhos escolares. "Facilita muito. Além disso é uma forma de estarmos sempre nos atualizando profissionalmente e de preparar nosso filho para o futuro", diz ela.

Elizandro e Michelli, moradores da Vila Icaraí, no Uberaba, em Curitiba, fazem parte de uma estatística que mostra um aumento do poder aquisitivo das classes com renda menor no Paraná. Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) de 2006, divulgada sexta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o número de domicílios com microcomputador cresceu 39% nas classes com renda mensal de até dez salários mínimos (R$ 3.800) no ano passado, em relação a 2005. Também foi nessa classe que mais cresceu o acesso à internet. O número de domicílios com este serviço aumentou 37% no período.

O número total de domicílios com microcomputador no Paraná passou de 724 mil para 880 mil, um aumento de 21,5%. Com acesso à internet, a variação foi de 18,4% - 549 mil domícilios em 2005 para 650 mil no ano seguinte. Apesar disso, existem 2,295 milhões de domicílios no Paraná sem microcomputador.

O chefe do IBGE no Paraná, Sinval Dias dos Santos, explica que o aumento de domicílios com bens duráveis nas classes com renda menor em 2006 pode ser explicada pelo aumento do rendimento médio mensal. Este fenômeno foi percebido principalmente nestas classes. Além disso, completa, as facilidades de crédito têm favorecido a aquisição destes bens.

A Pnad 2006 também confirmou uma tendência: o aumento do uso do telefone celular em detrimento do fixo. De 2005 para 2006, cresceu o número de domicílios que têm somente celular (38,8%) e diminuiu a quantidade de casas só com o fixo (-13,43%). Nos domícilios de famílias com renda de até R$ 3.800, o número de casas só com celular cresceu 40%.

Outros bens

Os números do IBGE mostram a evolução da aquisição de outros bens: fogão, filtro de água, rádio, televisão, geladeira, freezer e máquina de lavar roupa. Na faixa de renda de 1 a 5 salários (R$ 380 a R$ 1.900), o número de domícilios com estes bens aumentou.

Luiza Regina de Oliveira, 28 anos, que mora na Vila Icaraí, recolhe lixo, recicla e vende. Ela recebe R$ 0,30 por quilo de papelão ou R$ 0,25 pelo mesmo peso em plástico. O dinheiro completa o salário do marido de Luiza, que é pedreiro. Ela conseguiu comprar uma televisão nova, em 24 parcelas. "Sem a televisão a gente fica sem saber o que está acontecendo. Além disso, é uma forma de distrair as crianças enquanto a gente trabalha", diz Luiza, mãe de Sabrina, 11, Régis Adriano, 10, Sabriele, 7, e Sabriane, 5.

Já a irmã de Luiza, a dona de casa Lucile Maria de Oliveira, 22 anos, está incluída na fatia de 8,6% dos brasileiros que ainda não têm televisão em casa. Segundo ela, faz "muita falta". Lucile e a filha Natalie, 2 anos, se contentam em assistir aos programas e se informar na casa de Luiza, a duas quadras de distância.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]