As rajadas de vento de mais de 100 km/h que atingiram a cidade de Campinas, em São Paulo, na madrugada desse domingo (5), deixaram um rastro de destruição – centenas de construções destelhadas; árvores e postes derrubados; queda de energia e muita, muita chuva.
INFOGRÁFICO: Diferente do que imagina boa parte dos brasileiros, os tornados não são raros no Brasil
De início, o estrago foi atribuído a um tornado, mas, depois, técnicos do Centro de pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas à Agricultura (Cepagri) afirmaram que a destruição foi causada por um outro fenômeno climático: a microexplosão. A explicação foi dada durante entrevista coletiva realizada na prefeitura de Campinas no domingo (5).
Os dois fenômenos são caracterizados por fortes correntes de ar. Mas, enquanto no tornado a corrente de ar forma uma espiral a partir do encontro de massas de ar frio e quente, na microexplosão ela se desprende da tempestade e despenca em linha reta, mais como um corredor de vento, diretamente sobre uma determinada área. De acordo com o Cepagri, Campinas foi atingida por várias microexplosões.
Embora menos conhecidos do que os tornados, as microexplosões não são tão incomuns assim. Em maio, Porto União, no Sul do Paraná, foi atingida por uma microexplosão causada por uma nuvem cumulonimbus, a mesma que forma o tornado. O vendaval deixou um morto, dezenas de casas destruídas e árvores e veículos tombados.
Em fevereiro, Porto Alegre (RS) também foi “varrida” por ventos de 119,6 km/h. Na ocasião, especialistas não entraram em consenso sobre qual fenômeno atingiu a capital gaúcha, mas as características do vento apontavam também para uma microexplosão.
Fenômenos comuns
Dentre os fenômenos climáticos feitos de ar e potencialmente destrutivos, os tornados são os mais famosos – embora as lufadas de ar possam dar origem também a pés-de-vento, explosões ascendentes, ventos de calmaria, ciclones e microexplosões.
De acordo com estudo feito pelo geógrafo Daniel Cândido em seu doutorado na Unicamp, pelo menos 205 tornados foram registrados no Brasil entre 1990 e 2011. Outra pesquisa, essa desenvolvida no Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC), aponta que 77 atingiram municípios catarinenses entre 1976 e 2009.
“Esse fenômeno faz parte da climatologia da região Sul e do Centro-Sul do país. O que ocorre é que antes não havia tanta tecnologia disponível para registrá-lo. Além disso, as cidades estão maiores, ocupando áreas que antes eram rurais e que, se atingidas por tornados, geravam um impacto menor”, afirma a pesquisadora Marcia Fuentes, do IFSC.
Relembre alguns tornados que passaram pela região Sul do país nos últimos anos:
Cafelândia e Nova Aurora
Uma tempestade severa atingiu a região Oeste do Paraná em outubro de 2015. Os ventos que passaram pelos dois municípios chegaram a 115 km/h e deixaram árvores retorcidas e pinheiros cortados ao meio. Vídeos que chegaram ao Instituto de Meteorologia do Paraná (Simepar) mostravam um funil de ar tocando o solo.
Marechal Cândido Rondon
O tornado que atingiu a cidade em novembro do ano passado contabilizou pelo menos 7,5 mil pessoas atingidas, 1,5 mil residências destelhadas e pelo menos 200 imóveis danificados. De acordo com o Simepar, o tornado que atingiu o município era da categoria F1, na qual os ventos atingem velocidade superior a 115 km/h.
Cascavel
Um tornado assustou moradores das regiões Sudoeste e Oeste do Paraná em 2009. Ventos de mais de 115 km/h passaram por 31 municípios e arrasaram casas, postes e árvores por onde passaram.
Xanxerê
A pequena cidade no Oeste de Santa Catarina ficou devastada após um tornado passar pelo município: duas pessoas morreram, 120 ficaram feridas e os prejuízos materiais foram estimados em R$ 29 milhões. Os ventos foram tão fortes que, dias depois, pertences de moradores foram encontrados a 70 km de suas casas.
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