Na véspera de comparecer ao encontro com Lula, Michel Temer foi apontado por governistas do PMDB como o mentor da dissidência de seis senadores que ontem, em almoço na churrascaria Porcão de Brasília, resolveram se declarar "independentes". O presidente do partido diz ter sido procurado antes e depois do encontro e informado do resultado, que transmitirá a Lula, mas nega ter articulado o motim.

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Aliados seus, porém, passaram imediatamente a reverberar a tese de que, com o levante na bancada, a reeleição de Renan está "em xeque", e seu papel como interlocutor privilegiado do Planalto, "abalado".

Para o grupo do Senado, a manobra mostra que Temer aposta na divisão do partido para se manter no poder.

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Bússola – Resposta dada por Renan a quem lhe perguntava ontem se acompanharia Temer à audiência com Lula: "Eu não, ele sabe o caminho". Fincado – Na conversa com o presidente, Temer vai reiterar a disposição do PMDB de disputar o comando da Câmara. Dublado – Uma falha no áudio da TV Senado provocou interferência de emissora de rádio durante a sessão de ontem no plenário. Enquanto Renan Calheiros falava, da Mesa se ouvia Caetano Veloso entoando "Beleza Pura": "Não me amarra dinheiro, não".

Overbooking – Da comitiva de senadores que foi ao enterro de Ramez Tebet (PMDB-MS), apenas uma integrante não foi convidada a pegar carona com Lula na volta: Heloísa Helena (PSol-AL). O que fazer 1 – Armando Monteiro Neto levou ontem à Fazenda um documento com propostas da indústria para que o país atinja os 5% de crescimento desejados por Lula. Guido Mantega manifestou tanto interesse que desceu de seu gabinete e foi aguardar o presidente da CNI na entrada do ministério. O que fazer 2 – O governo decidiu chamar o especialista em gestão Vicente Falconi para conversar. São de sua autoria as medidas sugeridas pelo empresário Jorge Gerdau, objeto de comentário irônico de Mantega ("Se são eficazes, será a descoberta da América").

A propósito – Como os depoimentos de ontem na CPI dos Sanguessugas implicaram ainda mais Hamílton Lacerda, ex-braço direito de Aloízio Mercadante, o deputado Júlio Redecker (PSDB-RS) apresentou requerimento convidando o senador a depor. Longa data – A CPI encerrou o dia convencida de que a relação de Valdebran Padilha com o PT é mais profunda do que se imaginava. Ele telefonou 147 vezes para Expedito Veloso e 97 vezes para Jorge Lorenzeti nos dias que antecederam sua prisão em SP. Dois senhores – Já para o empresário Luiz Antônio Vedoin, pivô do esquema sanguessuga e de quem Valdebran se diz representante na negociação com os petistas, foram modestas 15 ligações. Monitor – Vice-presidente da CPI, o deputado Raul Jungman (PPS-PE) participou segunda à noite de reunião no apartamento de FH em São Paulo, ao lado de Carlos Sampaio (PSDB-SP). O próximo convidado será Fernando Gabeira (PV-RJ). Prontidão – Preterida por José Serra para o Trabalho, a Força Sindical ameaça mover campanha contra o futuro titular da secretaria, Guilherme Afif. Ao lado da CUT, a central vai repisar o bordão de campanha de Eduardo Suplicy (PT), segundo quem o pefelistas teria votado "contra os trabalhadores" na Câmara. Butim – Derrotado em Santos, o PT corre o risco de perder espaço no porto, alvo da cobiça de PMDB e PL. Mas Telma de Souza, que não conseguiu se reeleger, já deu um jeito de avisar a Lula que quer o comando da Codesp.

TIROTEIO

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* Do deputado eleito Duarte Nogueira (PSDB-SP), sobre o pernoite de Lula na fazenda do governador de Mato Grosso, que declarou voto no petista depois da liberação de socorro federal aos produtores de soja.

– O hotel fazenda do Blairo Maggi tem a diária mais cara do país: R$ 1 bi em verbas federais para a soja.