Oito meses após o incêndio que destruiu quase completamente o câmpus Champagnat da Universidade Tuiuti do Paraná (UTP), os alunos dos cursos de Nutrição, Fonoaudiologia, Estética, Terapia Ocupacional, Psicologia, Fisioterapia e Enfermagem estão prestes a receber novas clínicas para atendimento à comunidade, atividade essencial para a formação prática dos estudantes. Para isso, foram construídos dois novos blocos no câmpus Barigüi, que estão em fase de acabamento e têm previsão de inauguração para o fim de outubro. Já outros cursos prejudicados pelo acidente, como Odontologia e Medicina Veterinária, desfrutam de estruturas novas há mais tempo, também construídas neste câmpus após a transferência dos cursos da área de saúde para o local devido à impossibilidade de uso dos blocos que não foram atingidos pelo incêndio.
O diretor da Faculdade de Ciências Biológicas e de Saúde, João Henrique Faryniuk, garante que as atividades práticas foram mantidas em instituições conveniadas à universidade. "Depois do incêndio, metade dos pacientes que atendíamos continuou a fazer tratamento com os nossos alunos nos hospitais conveniados, como o Erasto Gaertner e o Trabalhador. A outra metade foi encaminhada para outras unidades de saúde da rede municipal", explica. De acordo com ele, a redução do volume de atendimentos realizados pelos estudantes também não os teria prejudicado. "Mesmo com essa diminuição, o número de pacientes que eles continuaram atendendo já é excelente e suficiente para garantir a qualidade do ensino", afirma. Agora, com a inauguração das novas clínicas, será possível atender novamente todos os pacientes de antes.
Nos casos em que não era possível realizar os atendimentos nos hospitais conveniados, a universidade encontrou outras soluções, como a instalação de clínicas improvisadas, o que aconteceu com o curso de Estética. Por isso, o curso de Odontologia teve prioridade no cronograma de construção das novas clínicas. "Não existe um hospital odontológico em Curitiba que pudesse receber todos os nossos alunos e, por isso, a clínica deles foi a primeira a ficar pronta", ressalta. A estrutura está em funcionamento desde o mês de maio em um dos blocos já existentes do câmpus Barigüi, que foi adaptado para o atendimento.
O estudante Marcio Nogueira Candido, do sexto período, acredita que o prazo para entrega da nova estrutura foi até mais curto do que os alunos imaginavam. "A universidade conseguiu construir a clínica em um tempo razoável, mesmo com todo o transtorno e dificuldade que teve. A estrutura que temos hoje é ainda melhor do que aquela do Champagnat", comenta. Os pacientes também comemoram. "Vale a pena vir lá do Sítio Cercado, onde moro, até aqui porque, além de o tratamento ser bem mais barato, a qualidade do atendimento é boa e a clínica é novinha", diz a balconista Valdirene Velozo, 34 anos, que há cerca de um mês é atendida pelos alunos de Odontologia da UTP.
No fim de agosto, os alunos de Medicina Veterinária também iniciaram as atividades no novo hospital veterinário da universidade, construído especialmente para a realização de atendimentos à comunidade. Enquanto isso, as aulas práticas estavam sendo realizadas no Hospital Veterinário Batel (HVB). A estudante Ana Paula Cerdeiro, do quarto período, afirma que prefere a estrutura atual, que possibilita muito mais interação dos alunos com a futura profissão. "Lá no HBV não tínhamos como acompanhar tudo, participávamos mais das cirurgias e o atendimento clínico ficava deixado meio de lado", conta.
