A reportagem do Jornal de Londrina flagrou nesta quinta-feira (22) milhares de pilhas e baterias descartadas irregularmente num terreno da Prefeitura localizado na Chácara São Miguel (zona sul), onde, ao ar livre, o material em estado avançado de deterioração, contamina a área e coloca em risco moradores e meio ambiente. Avisado, o Instituto Ambiental do Paraná (IAP) confirmou a irregularidade e entregará nesta sexta-feira, durante reunião na sede do Ministério Público (MP), a autuação para a Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização (CMTU), órgão responsável pelo gerenciamento do lixo em Londrina, no Norte do Paraná, que ainda pode ser multada. Um inquérito policial deve ser aberto, a pedido do MP.
Moradores do vilarejo contam que, há dois anos, um funcionário da CMTU tentou descartar o material na ONG Central de Prensagem e Venda de Reciclados (Cepeve), instalada próximo ao local onde hoje estão as pilhas, mas os trabalhadores rejeitaram. "Achamos que era químico e perigoso e não concordamos em deixar no mesmo lugar que a gente trabalhava. Houve bate-boca e, no fim, largaram lá", recorda um ex-funcionário da Cepeve, que presenciou o episódio.
As pilhas são de vários tamanhos e marcas e já estavam vencidas quando despejadas na área. Dezenas de embalagens estavam intactas, indicando que grande quantidade sequer fora usada. Parte do material ainda está em caixas de papelão que, com o tempo, rasgaram. Outra parte está espalhada pelo chão.
A menos de cinco metros do local, mora Luciane Aparecida Catarino, 31 anos, e seus três filhos - a mais velha, com 12 anos. "A gente fala para as crianças não irem lá, mas elas vão e pegam as pilhas para brincar". Um ex-funcionário do local também afirmou à reportagem que as pilhas, assim que depositadas, foram levadas em sacos pelos sitiantes da região: "A quantidade era muito maior do que essa. O que tem aí é menos da metade".
José Carlos dos Santos, fiscal do IAP, classificou as instalações como "totalmente inadequadas" para abrigar pilhas. "O local é coberto, mas parte das pilhas está em contato direto com o solo. É um material altamente tóxico que, além de absorvido pelo solo, pode ser carregado pela chuva até o rio (Cafezal)". As pilhas contêm filamentos de carvão e uma manta de proteção que são tóxicos. Com o tempo, oxidam e liberam o líquido formado por essas substâncias.
Além dos riscos ao ambiente, o material pode causar graves danos à saúde humana. Segundo Santos, o resíduo pode levar a intoxicações e até ao câncer, dependendo da exposição. O fiscal do IAP chamou a atenção para o fato de que, embora em níveis baixos, as pilhas, quando úmidas, entram em eletrólise e emitem radioatividade.