A história de um município sempre pareceu despertar pouco interesse nas crianças que nele vivem. Um dos motivos é o ensino do tema, muitas vezes feito de maneira pouco interessante e preso ao livro didático, segundo a escritora e pesquisadora Maria Auxiliadora Schmidt. Em Curitiba, uma maneira encontrada para reverter o quadro foi o lançamento da coleção Trilhas da Cidade da Gente, em que os alunos da rede municipal poderão aprender mais sobre o patrimônio e a história da cidade através de roteiros guiados.
Entregues ontem aos diretores das 171 escolas da rede municipal de ensino, as cartilhas pretendem mobilizar parte dos 9 mil professores e 110 mil alunos da rede.
Roteiros
Resultado de uma parceria da Fundação Cultural de Curitiba (FCC) com a Secretaria Municipal da Educação, o projeto é composto por sete livros que trazem roteiros de visitação e curiosidades entre elas, qual o primeiro relógio de flores do Brasil, o que abrigava a Praça Santos Andrade e como era conhecida a Rua XV de Novembro no século 19. Em breve, as crianças poderão ter na ponta da língua que o primeiro relógio de flores do país foi o de Curitiba, que na Santos Andrade eram realizadas inusitadas touradas e que a Rua XV era conhecida como Rua da Imperatriz. "O tema cria o enlace na família. Espera-se que este projeto tenha o envolvimento dos adultos também", afirma o presidente da FCC, Paulino Viapiana.
Capacitação
Historiadores e pesquisadores começaram a levantar os dados em 2005. No ano seguinte, 254 professores foram capacitados. "Nossa intenção é que sempre existam de dois a três professores capacitados por escola, que passem a ser agentes multiplicadores", comenta a secretária municipal da Educação, Eleonora Bonato Fruet. Segundo a professora e guia Regiane Luzia Scuissiato, a iniciativa tem chamado a atenção da criançada. "A aceitação foi boa e despertou interesse. Quando você desperta a curiosidade nos alunos, eles dão retorno."
Os três atrativos do projeto, na opinião do presidente da FCC, são o caráter histórico, a técnica de contação de histórias e a saída da sala de aula para um lugar que muitos alunos não conhecem. Viapiana ressalta ainda que o projeto não teve custo extra, pois foi realizado pela prefeitura, da pesquisa à impressão.
"Uma proposta que abra novas possibilidades é bem-vinda, porque o ensino é feito de maneira pouco interessante, muito preso ao livro didático e com informações um pouco genéricas", diz a pesquisadora Maria Auxiliadora Schmidt. "A idéia é interessante, mas precisa ter uma boa implantação", alerta.
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