Pesquisa
85% dos entrevistados estariam dispostos a separar o lixo em suas casas, caso o serviço comece a ser prestado.
36% dos entrevistados não aprovam a cobrança de taxa proporcional à quantidade de lixo produzido.
Lixo
Falta técnica para iniciar separação
A falta de conhecimento técnico é o principal obstáculo enfrentado pela maioria dos municípios na implantação da coletiva seletiva. "Falta pessoal qualificado, infraestrutura adequada e conhecimento a respeito do processo por parte do poder público", afirma a coordenadora do curso de Gestão Ambiental da Unopar, Cláudia Ciappina Feijó. Quando o processo é compreendido, explica Cláudia, não há muitas dificuldades. "Nem sempre é preciso grandes investimentos. Feita a separação, é preciso transporte adequado, barracão e prensa", sintetiza.
Londrina ainda não tem um sistema eficiente. "Os problemas na coleta já foram quase que totalmente resolvidos. Mas ainda existem algumas deficiências na infraestrutura das cooperativas", explica a coordenadora de coleta seletiva da Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização (CMTU), Eliene Moraes.
A falta de estrutura a que se refere a coordenadora são os barracões onde as cooperativas de catadores fazem a triagem e a prensagem do lixo. Com espaços pequenos e uma grande demanda, os barracões frequentemente ficam superlotados, culminando até com a interrupção da coleta. "Temos dificuldades em encontrar barracões com tamanho adequado na cidade", justifica Eliene.
Apesar disso, segundo ela, a cidade consegue aproveitar 900 toneladas de material reciclável por mês. O volume de resíduos coletados em Londrina, de acordo com o representante ONG MAE, Camilo Viana, é acima do comum entre cidades de mesmo porte. Além disso, ele considera a cidade privilegiada por ter uma população disposta a separar seu lixo e cooperativas e grupos de catadores já consolidados na coleta. (JG)
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A coleta seletiva de resíduos contaria com a colaboração da maioria dos brasileiros, se o serviço fosse oferecido nos municípios. A maior parte da população, no entanto, ainda não dispõe desse benefício. É o que aponta uma pesquisa divulgada pelo Programa Água Brasil, que mostrou que 85% dos entrevistados estariam dispostos a separar o lixo em suas casas. O estudo aponta também que a proposta de uma tarifa relacionada ao lixo divide opiniões.
O estudo, encomendado ao Ibope, entrevistou 2.002 pessoas em todas as capitais e mais 73 municípios. Apenas 13% dos entrevistados declararam que não fariam a separação dos resíduos e 2% disseram não saber ou não responderam.
Apesar da disposição em contribuir para a destinação adequada dos resíduos, a maioria da população ainda não conta com o serviço de coleta seletiva. A menos de dois anos do prazo para a implementação da coleta seletiva e o fim dos lixões em todo o país, 64% dos entrevistados ainda não têm os meios necessários para fazer o descarte sustentável do lixo. A quantidade de pessoas que conta com coleta seletiva ou que tem algum local para deixar o material separado representa 35% da amostra.
Para o coordenador de Programa Educação para Cidades Sustentáveis da organização WWF Brasil, Fábio Cidrin Gama, os dados da pesquisa indicam que será necessária uma grande mobilização para mudar a atitude do brasileiro com relação ao lixo, especialmente no momento em que o país se organiza para implementar a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS). "A pesquisa mostra que há esperança, mas para essa mudança a gente vai ter que sensibilizar muito toda a sociedade para que as pessoas assumam [a destinação correta do lixo] como um hábito e um dever de cidadão", destacou.
Por quantidade
Outra questão abordada pela pesquisa foi a taxa do lixo. A ideia de que quem produz mais resíduos deve pagar mais pelo serviço de coleta é reprovada por 36% dos entrevistados. Outros 13% aprovam e 23% concordam parcialmente com a tarifa. Para o advogado Camilo Viana, que representa a ONG londrinense Meio Ambiente Equilibrado (MAE), falta informação a quem discorda do pagamento de uma taxa pela coleta do lixo. "A Política Nacional de Resíduos Sólidos vai exigir que os municípios façam a coleta seletiva e o investimento é fundamental para sustentar a estrutura. Isso precisa ser dividido com a população", avalia.
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