Os cerca de 3,5 mil judeus residentes no Paraná reúnem-se hoje para celebrar o Rosh Hashaná, o ano novo judaico. A maioria deles deve participar das festividades na sinagoga de Curitiba, a única do estado. A festa começa ao pôr-do-sol e marca a passagem para o ano 5.767. As comemorações têm início hoje e duram 10 dias, terminando com a celebração do Yom Kipur (dia do perdão).
De acordo com o rabino Sami Goldstein, o período é marcado por sentimentos de renovação e regeneração. "Para nós, a virada do ano não é apenas a mudança no calendário. É uma época de reflexão, de fazer um levantamento dos seus atos durante o ano que passou, de se arrepender daquilo que você fez de errado", afirma. Sami conta que um ritual importante do Rosh Hashaná é o toque do shofar, o chifre de carneiro, que desperta as pessoas para o arrependimento.
No último dia das festividades, que este ano corresponderá ao dia 1.º de outubro, os judeus têm o costume de se abster de qualquer tipo de prazer mundano. Eles não comem e não bebem nada durante o dia todo, e deixam de usar sapatos de couro, que antigamente eram considerados artigos caros, usados portanto apenas pelas pessoas mais ricas. Neste dia, eles abrem mão também de qualquer tipo de embelezamento. "A idéia é que possamos nos aproximar dos menos favorecidos. É importante ressaltar o caráter universal das celebrações. Os judeus não oram apenas pelo seu povo, rezamos para que o ano seja bom para todos", diz.
Segundo a tradição judaica, o mundo foi criado em Tishrei, o sétimo mês no calendário judaico. Para eles, Adão e Eva foram criados no primeiro dia desse mês (sexto da Criação), e é a partir de então que o ano se inicia. Os judeus se guiam por dois calendários, o civil, que corresponde ao nosso, e o religioso, que é determinado pelo sol e pela lua. Nele, um ano tem duração de 354 dias. "É por isso que a data do Rosh Hashaná varia de ano para ano no calendário ocidental", esclarece o rabino.