Os primeiros imigrantes chegaram ao Brasil há 130 anos. Hoje são sete milhões de libaneses e descendentes que vivem no país, quase o dobro da população inteira do Líbano, que não chega a quatro milhões.

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A imigração dos libaneses para o Brasil começou em 1870 e continua até os dias de hoje, sempre aos pouquinhos. Ninguém sabe exatamente como começou nem com quantas pessoas.

"A minha tese pessoal é de que não é preciso explicar muito como o pessoal veio ou por que veio, mas, sim, por que ficaram. E aí eu acho que é mérito do Brasil. O Brasil é um país que recebe bem e as pessoas tendem a ficar", disse Salem Nasser, professor de Direito Internacional da Faculdade Getúlio Vargas (FGV).

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"Eu ia para a Dinamarca, porque eu falo inglês e francês, além do árabe, que é a minha língua nativa. Mas só que na Dinamarca eles barraram todo o pessoal que vinha do Líbano. Mas hoje tenho parente nos Estados Unidos, na França, meu irmão nos Estados Unidos, meu tio há mais de 25 anos me convidam: ‘Vem pra cá!’ não, eu gostei do Brasil", contou o administrador de empresas Roland Eid.

A jornalista baiana Camilla Costa passou 20 dias no país, em junho fazendo um curso sobre o Oriente Médio, e se apaixonou. "Bastante, bastante apaixonada. Beirute é uma cidade linda, grande, bem grande", afirmou.

O Líbano fica no Oriente Médio, entre a Síria e Israel. Os libaneses são os descendentes dos antigos fenícios. O país é vizinho do deserto, mas tem terras férteis, muitas montanhas e o litoral do Mar Mediterrâneo.

Oficialmente, o Líbano está em guerra com Israel. O poder no Líbano é dividido pelos vários grupos religiosos. A divisão não é simplesmente entre cristãos e muçulmanos; tem uma porção de subdivisões. "Entender a política libanesa é um trabalho para iniciados e é bastante difícil", garantiu Salem Nasser.

"No Líbano, os muçulmanos estão divididos em dois grandes grupos: sunitas e xiitas. Os dois se encontram no Líbano como em todo o Oriente Médio. E na parte cristã temos divisões clássicas, no sentido de que o cristianismo lá é dividido em dois: Igreja Romana e Igreja Ortodoxa. No mundo romano, nós temos duas divisões de igrejas orientais, que são clássicas: maronitas e melquitas", explicou Dimitrios Vahe Attarian, arquimandrita da Igreja Ortodoxa.

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É só uma questão de ritual. Os maronitas são devotos de São Marum, um santo eremita que morreu no século quinto. Entre os muçulmanos xiitas e sunitas, as diferenças também estão mais nos detalhes. "Nós somos todos muçulmanos ao mesmo tempo, independente destas lições que existem entre a nossa linha e a linha deles", afirmou Armando Hussein Saleh, sheik da Mesquita Brasil.

Cada grupo religioso tem seu espaço na política libanesa. E esse é um dos motivos que faz o Brasil tão encantador para esses imigrantes. "O povo brasileiro não pergunta, quando você fala com ele, não te pergunta qual religião que você é. No Líbano, tinha isso", disse Roland Eid.

Os brasileiros recebem bem os libaneses. E lá, como eles recebem os brasileiros? "Eles amam o Brasil muito", conta Camila. É uma história, da relação entre brasileiros e libaneses, que tem começo, mas não tem fim. "Aqui não tem o que falar. Aqui é a nossa segunda terra, pra falar a verdade. Nós amamos o Brasil praticamente a mesma coisa que o Líbano. E até mais", garantiu Ali Baracat Abbas, presidente da Sociedade Beneficente Muçulmana.