A plataforma de mídia LinkedIn removeu uma postagem do pesquisador Roberto Motta a respeito do financiamento público do show da cantora Madonna| Foto: Reprodução/LinkedIn
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A plataforma de mídia LinkedIn removeu uma postagem de um colunista da Gazeta do Povo a respeito do financiamento público do show da cantora Madonna. O argumento da rede é de que o texto conteria “desinformação”, sem explicar o que isso significa. A remoção foi divulgada na segunda-feira (13) pelo executivo de tecnologia e desenvolvimento de negócios Roberto Motta, que é escritor, jornalista, engenheiro e ex-secretário estadual de segurança do Rio de Janeiro.

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“É a polícia do pensamento patrulhando uma rede social de negócios. Jamais pensei que veria isso”, escreveu Motta em nova postagem na sua página da plataforma. “Aos senhores responsáveis pelo Linkedin, solicito restauração da minha publicação. Ou será que essa publicação aqui também será removida?”, questionou.

No post excluído, Motta disponibilizava o link de um artigo de opinião que preparou para o jornal Gazeta do Povo sobre o uso do dinheiro de trabalhadores para financiar o show da cantora internacional. “É um artigo equilibrado em que discuto argumentos e não faço nenhuma ofensa”, informa o pesquisador, citando que o único nome mencionado é Madonna.

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Procurado pela reportagem, o advogado constitucionalista André Marsiglia, especialista em liberdade de expressão, explica que as plataformas podem ter políticas de gerenciamento de conteúdo, contanto que essas regras não afrontem a Constituição Federal.

“Não se pode restringir a liberdade de expressão motivado por ‘desinformação’, um conceito que não é jurídico e que não está na legislação”, explica Marsiglia, informando que “essa restrição é ilegal”.

Ainda segundo ele, o caso do colunista possui outro agravante porque a remoção de conteúdo ocorre em um artigo de opinião publicado em veículo de comunicação. “Então há restrição não só ao usuário, mas à imprensa”, pontua, ao citar também que não há crime de opinião no Brasil, então a liberdade de expressão não pode ser restringida.

LinkedIn não informou o motivo da remoção de conteúdo

Em entrevista à Gazeta do Povo, Motta relata que o LinkedIn lhe enviou um aviso na plataforma e por e-mail informando que seria possível recorrer da decisão clicando em um “botão” do site, mas que, ao tentar usar o referido “botão”, ele não funcionava. O engenheiro conseguiu, então, outro caminho dentro da rede social para falar com os responsáveis e recebeu uma resposta genérica na tarde desta terça-feira (14) sobre uso de Inteligência Artificial (IA) como filtro do que é publicado.

“O LinkedIn usa conteúdo (como determinadas palavras-chave ou imagens) que foi previamente identificado como violador de suas Políticas da Comunidade Profissional”, informa o comunicado, sem citar quais palavras do artigo de Roberto Motta teriam sido identificadas pela IA.

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“Achei uma violação absurda dos meus direitos e me senti submetido a uma polícia política de redes sociais”, disse o escritor. “Esse sistema é totalmente falho porque no meu artigo não tem nada que seja desinformação, nada que seja discurso de ódio, e nada que possa ser remotamente classificado como impróprio”, garantiu. Ele solicitou novamente republicação do conteúdo, e aguarda retorno.

Outros usuários da rede comentaram sobre a censura no LinkedIn

Em resposta à denúncia a respeito da situação de censura, outros usuários citaram casos semelhantes na plataforma. “Aqui nesta rede há viés ideológico e somos punidos quando eles bem entendem”, escreveu um engenheiro de produção. “A rede social está assim: pensou diferente dela, és tratado como um ser que propaga desinformação”, continuou um gestor de P&D.

Um profissional de investimentos também comparou a situação à realidade da extinta União Soviética. “É para isso que parece estarmos caminhando: censura, informação seletiva e manipulação da opinião pública”.

A Gazeta do Povo tentou contato direto com a plataforma LinkedIn, mas não conseguiu. No entanto, a plataforma respondeu o colunista no dia seguinte à publicação desta reportagem, pedindo desculpas pelo erro e republicando o conteúdo.

A resposta do LinkedIn foi enviada na quarta-feira (15), após o comentarista político Roberto Motta denunciar a censura em suas redes e publicar link da matéria da Gazeta sobre o caso.

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