O assunto de hoje é o uso de vírgula em orações nas quais aparece a conjunção adversativa "mas", cuja função típica é estabelecer uma oposição, uma ressalva ao conteúdo que a precede. O quadro que apresentamos toma como referência textos veiculados em jornais e revistas nacionais que ilustram tendências do português culto contemporâneo.
A maioria das ocorrências aponta para o uso de vírgula antes do "mas" como forma de destacar a ressalva introduzida por essa conjunção o que está de acordo com as orientações dos principais materiais de pontuação. Os dois exemplos seguintes, ambos colhidos em jornais, ilustram nossa afirmação:
1) O time fez um segundo tempo impecável, mas não conseguiu reverter o placar.
2) O filme contava com um dos melhores elencos de Hollywood, mas sua bilheteria foi um fracasso. Seguramente, esse é o uso mais acolhido.
Embora seja essa a pontuação predominante, registre-se que cada vez mais aparecem construções que não observam o cumprimento desse padrão e a vírgula simplesmente desaparece das orações, como nestes dois exemplos retirados de uma revista:
1) A banda tocou um repertório consagrado mas não foi capaz de empolgar o público.
2) Os médicos fizeram de tudo mas o ator não respondeu aos tratamentos e faleceu três dias depois. Quanto à eliminação da vírgula nessas construções, é importante ressaltar que se trata de uma tendência que se verifica tanto em textos jornalísticos quanto em gêneros escritos de outra natureza. Em todo caso, ainda estamos no campo da exceção e não da regra.
Por fim, não custa lembrar que o não uso de vírgula em orações como as citadas quase sempre é interpretado como lapso de pontuação e não como uma opção de quem escreve. Portanto, é indicado recorrer à pontuação consagrada para que não pairem dúvidas sobre nosso domínio de pontuação.
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