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Em regra, todo grande jornal se orienta por um manual de redação. Os dois mais conhecidos são o do jornal O Estado de São Paulo e o da Folha de São Paulo. Pois bem. Toco nesse assunto por causa de uma troca de e-mails que mantive com um leitor interessado em saber se esses dois manuais dão conta de todas as questões referentes à língua escrita. A resposta, obviamente, é não.

Um bom manual de redação – e novamente navego sobre o óbvio – funciona como um carimbo de identidade do jornal. Os leitores, sobretudo os assinantes, esperam que seu jornal de hoje tenha a mesma feição do de ontem. Mudanças abruptas são intoleráveis. Daí a importância do manual: se bem usado, ele impede que o caderno de Economia tenha a cara de mamão e o caderno de Esportes, o focinho de esquilo. Ele padroniza as concordâncias e as regências, o uso de maiúsculas e minúsculas, o uso de vírgulas. Também orienta na confecção de um texto: como começar, que informações pôr em destaque, que verbos de dizer são mais adequados. E por aí afora. Por tudo isso, é de suma importância que o jornalista tenha um bom manual por perto, pois vez ou outra bate uma dúvida que pode paralisar. E aí a matéria demora a sair.

Parece-me que não podemos exigir mais do que isso de um manual. Provavelmente, seus autores também não são pretensiosos a ponto de desejaram que um material tão singelo fale para a cidade e o mundo. No fim de tudo, ele incide apenas sobre "um" recorte do mundo da escrita, que são os jornais.

Claro que pode funcionar também naquelas consultas rápidas que fazemos no nosso dia-a-dia. Mas é fundamental que tenhamos sempre bem claro que aqueles montinhos de gelo que podem afundar um navio são a menor parte do iceberg. Assim também são os manuais de redação e os jornais: apenas uma pontinha de um mundo bem maior.

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