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Minha coluna anterior ("Presidente Dilma ou presidenta Dil­­ma?") fez surgir uma questão interessante: é possível que o substantivo "presidenta" se torne comum, que passe a ser usado como alternativa para "presidente" quando usarmos o termo no feminino?

Como estamos muito próximos da novidade, qualquer afirmação taxativa não passa de um mero exercício de futurologia. Pontualmente, o que podemos afirmar é que a forma "presidenta" já está mais comum que um ano atrás. É óbvio.

O que se vê é uma pequena fumaça sobre o assunto, mas bem fraca para que nossas vistas alcancem o tamanho do fogo. Por exemplo, na semana posterior à vitória de Dilma Rousself, um telejornal (não me recordo qual) foi às ruas e boa parte dos entrevistados, sobretudo as mulheres, afirmou preferir a nova forma: presidenta Dilma. Fernando Rodrigues, comentarista político do Jornal do SBT, já a chamou mais de uma vez de "presidenta". Curiosamente, em suas colunas no UOL usa a forma que até o momento é a mais produtiva: a presidente. De resto, essa é a tendência dos grandes jornais e telejornais do país.

Vale lembrar, ainda, que questões de língua são permeadas por demandas sociais, por emergências de um determinado período histórico. Isso explica, por exemplo, o desejo de se censurar uma das obras de Monteiro Lobato. Vejam só: não estou dizendo que tais eventos justificam a censura - mas que explicam determinadas posições sobre a língua.

A eleição de uma mulher para o mais alto cargo público de nosso país certamente faz emergir demandas que ultrapassam a questão de gênero do ponto de vista estritamente gramatical. Dado que as mulheres ocupam cada vez mais espaços de poder antes exclusivos aos homens, pode ser que novas formas femininas saiam do circuito restrito do idioma e caiam na boca dos brasileiros. E das brasileiras. No feminino.

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