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Na coluna anterior falei da flutuação do uso do verbo "assistir", com sentido de "presenciar" (jogo, show, palestra) ou " ver" um evento teletransmitido (novela, filme, debate, telejornal etc.). Tanto a forma transitiva indireta (com preposição) quanto a direta (sem preposição) são usadas em textos escritos. Em textos bons e em textos ruins. Não estou pensando no uso do verbo em registros orais, nos quais predomina a forma direta, incluindo a passiva: o jogo foi assistido por 70 mil torcedores. Alguém vai entender que o jogo "foi ajudado" por 70 mil torcedores? É claro que não. É verdade que em textos mais formais – textos jurídicos, textos didáticos, teses, editoriais... – é clara a opção pelo uso mais tradicional: usa-se a preposição "a" (assisti ao debate), proibe-se a forma passiva (o jogo foi assistido) e o uso do pronome "lhe" (em vez de "assistiu-lhe", "assistiu a ele"). Pessoas que se preparam para concursos sabem que essas formas condenadas aparecem de vez em quando nas provas. Nesse caso, o conhecimento da norma pode resultar em valiosos pontos.

Mas volto ao assunto pelo seguinte motivo: um leitor cobrou-me uma posição mais clara, do tipo "pode" ou "não pode". Ele compreende que de fato existe uma flutuação no uso das duas formas. Mas o que fazer na hora agá?

Creio que a própria hora agá não deixa dúvidas sobre o uso mais indicado. Por exemplo: por razões pragmáticas, que nada têm a ver com noções redutoras do tipo certo ou errado, a forma indireta deve ser usada em contextos que cobram o uso da preposição – como as situações que mencionei no segundo parágrafo. O que não pode ser afastado de nossa análise é o fato de que há contextos que vão de "a" a "z". E aí há espaço para que as duas formas sejam usadas. Trata-se, em síntese, de uma simples questão de adequação.

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