Peço desculpas aos leitores, mas sou obrigado a falar do lapso de Sasha novamente, mas sob novo enfoque. Só recapitulando: a menina postou uma mensagem pelo Twitter em que grafou "sena" no lugar de "cena". Virou piada na internet e de programas humorísticos. Aí a Xuxa saiu em defesa da filha papel legítimo de uma mãe , mas de uma forma autoritária, com ameaças de processo, censura e tudo o mais. Acabou recuando quando o precipício tragava-lhe os pés.
Para bem ou mal, Xuxa e Sasha sentiram na pele o que significa ser julgado quando se comete algum lapso de escrita. Caso ela assista com certa frequência ao Jô Soares, conhece na medida certa o tipo de piada infame que é feita quando brasileiros, notadamente os mais pobres e por consequência com baixa escolaridade , cometem algum tipo de deslize. É paulada sem piedade. Algumas pessoas rolam de tanto rir. As vítimas preferenciais são estudantes. Quem nunca recebeu um e-mail com as "pérolas do Enem"? Algumas instituições de "ensino" superior têm o desplante de enviarem trechos de redações com problemas a jornais, os quais, mergulhados na lama do mais puro sensacionalismo, dão o maior destaque às "pérolas da juventude".
Lapsos de escrita devem ser tratados com preocupação? É claro que sim embora haja quilômetros de distância entre uma troca de duas letras que geram o mesmo som e a dificuldade que os estudantes, sobretudo os de escolas públicas, têm de se expressar com clareza. A dificuldade que milhões de brasileiros demonstram com o texto escrito deveria servir como um importante indicador do que não se investe em educação pública e, claro, na formação dos educadores.
Esse é "x" do problema. Diante desse quadro, o lapso de Sasha e a bronca da Xuxa são, definitivamente, uma piada.