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Prezado Professor Carlos Alberto Faraco,

Li e reli seu artigo "Dei­xemos a língua em paz", publicado neste jornal no dia 17 de julho deste ano. Confesso, aliás, minha mania de ler suas publicações, que sempre apresentam com precisão seus quarenta anos de pesquisas ininterruptas sobre questões de linguagem. Aliás, no meu mestrado usei algumas de suas intuições sobre Bakhtin. Perdoe-me os equívocos e as lambanças.

Pois é, Professor. Quem está escrevendo é alguém que o ad­­mira muito. E justamente por admirá-lo é que sugiro que abandone definitivamente essa sua militância em favor de um debate qualificado sobre questões referentes à nossa língua. Por que insistir nessa guerra perdida? Não seria melhor cuidar dos seus netos? Do seu jardim? Sugiro que releia São Bernardo (meu livro predileto!). Mas nada de bobagens, de começar com suas análises refinadas sobre noções de "plurilinguismo" e de "autor-criador". Chega! Como eu disse: netos e jardim. E ponto final.

Gostaria de tranquilizá-lo sobre as questões referentes aos estrangeirismos. Ouvi dizer que nossa Assembleia sabe o que faz. Aliás, "assembleia" é um estrangeirismo, não é mesmo? Acho que vem do francês... Só espero que ninguém tenha a ideia de tentar traduzir essa palavra para "a nossa língua". E o que dizer de "nepotismo"? Vem do francês, certo?

Também seria esquisito não encontrar "salame" (do italiano) e "arroz" (do árabe) no mercado perto de casa. Tudo bem: "linguiça" passa por "salame". Pelo menos são parecidos na forma. Mas e o "arroz"? Será que essa palavra é de origem árabe mesmo? Não tem como a gente inventar uma origem brasileira para ela? Porque eu não vivo sem arroz... Nossa! Quanta divagação!

Acho que é só isso, prezado Professor. Perdoe-me a impertinência, mas espero sinceramente que considere meu apelo. Sobretudo este: netos, jardim, São Bernardo.

Abraço grande!

Adilson

Adilson Alves é professor.

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