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Embora seja um assunto trabalhoso, a crase não é uma vilã, como tantas vezes apresentada em aulas e em materiais de Português. Na coluna de hoje entro no assunto. Na próxima, tento finalizar.

Em termos mais precisos, crase não é o acento que pomos nestes "as": fui à praia, cheguei às 6 horas, não me refiro àquilo. Crase é o encontro de uma preposição "a" com o artigo feminino "a" ou com os pronomes "aquele", "aquela" e "aquilo". Quando isso acontece, assinalamos o "a" com o acento grave.

O passo mais importante e mais produtivo, portanto, é tentar compreender em que circunstâncias esses encontros são possíveis. E aí devemos nos concentrar em um assunto chamado regência verbal e regência nominal. Nele aprendemos que centenas de palavras de nossa língua são acompanhadas de preposições: preciso DE, vou A, luto POR, estou empenhado EM etc. Agora precisamos focalizar as palavras que exigem preposição "a". Dois exemplos. (1) O verbo "referir": Eu me refiro a. (2) O adjetivo "útil": Eu não sou mais útil a. Nos dois casos, a preposição "a" é obrigatória e faz parte da gramática na nossa língua. Tanto que não ouvimos um brasileiro dizer "Eu sou útil empresa" nem "Eu me refiro você".

O próximo passo é analisar o que vem após essas construções. Vamos ver esta frase: "Eu não me refiro a você". Acentuamos ou não o "a"? Claro que não, pois não temos artigo "a" diante do pronome "você". Agora vejamos: "Eu não me refiro aquilo que houve entre nós". Acentuamos? Sim, pois há o encontro da preposição "a" com o pronome "aquilo". É só corrigir: "Eu não me refiro àquilo que houve entre nós".

Vamos ver mais dois exemplos: (1) Assim que a chuva engrossou, ele começou "a" correr. (2) Assim que a chuva engrossou, ele foi "a" loja mais próxima e comprou um guarda-chuva. Acentuamos ou não o "a"? Os dois? Por quê?

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