O assunto de hoje foi sugerido pelo leitor Carlos Alberto Trindade, aqui de Curitiba. Ele escreve diariamente e sua dúvida é sobre o uso do "junto a": quando está certo, quando está errado? Como respondi a Carlos Alberto e já deixei registrado em outras colunas, enfocar a língua em termos de certo e errado está longe de ser um caminho produtivo. No entanto e feita a ressalva , creio que podemos enfocar a questão sobre o uso abusivo dessa locução tendo em vista a pouca curiosidade de pessoas que escrevem regularmente de explorarem as ilimitadas possibilidades da nossa língua. Se pensassem um pouco, descobririam a absoluta falta de necessidade do "junto a". Pelo menos em 99,9% dos casos.
Vejam um exemplo colhido de um jornal: "Candidato mantém negociação JUNTO A partidos de oposição". Esperem um pouco: não seria mais simples, lógico e óbvio dizer que o candidato mantém negociação COM partidos de oposição? O que justifica o uso do JUNTO A? Agora passemos os olhos em duas construções colhidas de texto de um advogado: "Pedir providências JUNTO A" e "encaminhar pedidos JUNTO A". Espera-se de uma pessoa que exerce uma profissão tão importante que saiba que a palavra JUNTO não ajuda em nada seu pedido e encaminhamento.
Quando saímos do universo do Direito e entramos no mundo financeiro encontramos construções como esta, que li no site de um banco: "Solicite um empréstimo JUNTO A seu gerente". Eu já cansei de solicitar empréstimo AO meu gerente e não consegui nada. Talvez porque não tivesse notado que o JUNTO funciona como uma espécie de avalista.
O uso generalizado do JUNTO A é uma daquelas modas do tipo "a nível de". Uma pessoa letrada usa aqui, outra ali. E aí cai no gosto de outras pessoas. De repente todo mundo está usando. Não tem nada a ver com discursos do tipo "estão matando a língua". Apenas é uma amostra de que algumas pessoas adoram andar na moda. Mas usar manga curta em temperaturas abaixo de zero é bobagem e uma atitude suicida. Mesmo que seja o último grito da moda.