O assunto de hoje é o uso das locuções "a domicílio" e "em domicílio". Primeiramente, repasso a posição dos instrumentos normativos, que servem de referência a pessoas que escrevem em situações monitoradas (jornalistas, por exemplo).
Há unanimidade de que o uso da preposição "a" (a domicílio) ou "em" (em domicílio) vai depender do verbo (ou de outra palavra) usado na construção. Se ele veicular ideia de movimento (deslocamento), usa-se "a domicílio". Por exemplo, os verbos "conduzir", "levar", "enviar" e "trazer" serão seguidos de "a", como nestes dois exemplos do manual do Estadão: "Conduziram o doente a domicílio" e "Foram levá-lo a domicílio".
Uma dica que pode ajudar é fazer a troca de "domicílio" por "casa" e tentar um arranjo com a preposição "até", do tipo "Conduziram o doente até sua casa", ou seja, até seu domicílio.
Quando a palavra não dá ideia de movimento, usa-se "em domicílio". De novo, trocamos "domicílio" por "casa": "aulas em domicílio" (ou seja, dar aulas em casa, na casa do interessado), "fazer unhas e cortar cabelo em domicílio", isto é, na (em+a) casa do cliente.
Agora chegamos à parte mais importante: o correto é "em domicílio" ou "a domicílio"? Afinal, os exemplos dados são pouquíssimos usados. Em quase todas as ocorrências de "a domicílio" e "em domicílio" temos a palavra "entrega" (entregar). A orientação de nossos manuais é pelo uso de "em domicílio": a entrega é feita na (em+a) casa da pessoa, na residência dela, é feita em seu domicílio. Se usarmos o critério de movimento, a coisa se complica, pois fica mais ou menos claro que "entregar" implica deslocamento.
Embora seja esse o uso indicado, a locução "a domicílio" é a mais usada, tanto nesse caso, como em todos os outros. Por isso, importantes estudiosos da nossa língua a reconhecem como padrão.
A quem interessar: no jornal procuramos fazer a distinção acima mencionada.