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Assunto sugerido por um leitor: há diferenças entre as locuções "à medida que" e "na medida em que"? Qual é o uso correto? Existe a locução "à medida em que"?

Inicio a resposta tomando como referência o livro Fun­­damentos da Gramática do Português, do estudioso de nosso idioma José Carlos de Azeredo. Nessa obra, o linguista consigna quatro locuções no campo das conjunções proporcionais: à medida que, à proporção que, na medida em que e à medida em que. Registre-se que o autor sempre fundamenta sua pesquisa em um corpus que prioriza registros cultos de jornais, revistas, romances, livros de história, de sociologia etc. Ou seja: Azeredo parte do uso corrente, real, da nossa língua e, a partir disso, cataloga funções, determina certos comportamentos de termos do português.

Voltando às questões propostas pelo leitor e, frise-se, tendo como referência as palavras de um conceituado pesquisador, podemos afirmar que tanto a locução "na medida em que" quanto "à medida que" são locuções que "denotam o desenrolar paralelo de dois fatos, entre os quais há quase sempre uma relação de causa e efeito" (p. 232). Por exemplo: "Os moradores começam a voltar a suas casas à medida que o volume das águas diminui". Como deve ter ficado claro, qualquer uma das outras três locuções pode preencher o lugar de "à medida que".

Finalizo a resposta com a seguinte observação: materiais mais normativos, como o que usamos neste jornal, proíbem o uso de "à medida em que" (não existe!) e não admitem o uso de "na medida em que" com o sentido de proporcionalidade. Bancas examinadoras de concursos e vestibulares vão nessa direção.

Na próxima coluna volto a falar do assunto, mas focalizando apenas o uso da locução "na medida em que". Como veremos, ela é mais produtiva que as outras três no português contemporâneo.

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