Uma pedagoga de Maringá pediu-me algumas palavras sobre o uso do jornal em aulas de língua portuguesa. Na escola em que trabalha, está sendo desenvolvido um projeto no qual o jornal figura como ferramenta pedagógica para a prática de leitura e produção de textos. No entanto, diz ela, alguns professores se mostram reticentes com essa proposta. Eles alegam, entre outras coisas, que se corre o risco de os livros serem paulatinamente substituídos por matérias jornalísticas. Antes de focalizar o tema, gostaria de lembrar que a Gazeta do Povo mantém, desde 1999, o bem-sucedido projeto Ler e pensar: Jornal nas escolas, que não se restringe somente às aulas de português. Os interessados podem se informar no endereço: www.rpc.com.br/instituto.
Como eu disse à minha leitora, simpatizo-me com o uso do jornal em sala de aula. Há relatos de colegas que conseguiram fazer seus alunos melhorarem significativamente a capacidade de compreensão e produção de textos. Muitas publicações acadêmicas demonstram que, bem utilizado, o jornal pode servir de excelente material para determinadas práticas escolares. Tudo depende de um bom planejamento, de um objetivo bem definido. Não basta levar um monte de jornais para a sala e pronto. Entre as mil e uma serventias de um jornal, destaca-se sua potencialidade de ser transformado em uma poderosa arma: bolinhas de papel. Que professor nunca perdeu a paciência com as estripulias de 40 alunos da 5.ª série armados até os dentes com essa arma letal?
Quanto à preocupação dos professores de que os livros podem perder espaço, o que posso dizer é que eles sempre foram marginais na educação do brasileiro, tanto que vivem escondidos e envergonhados nas bibliotecas. Aliás, depois da sala da diretora, o lugar mais temido por milhões de alunos.