Um leitor sugeriu, ainda no fim do ano passado, uma coluna sobre o peso das redações em vestibulares, de modo geral, e especificamente no Enem. Não é muito? Algumas áreas não ficam "marginalizadas"?
Ainda não tinha pensado nisso e no momento não tenho uma posição sobre o assunto. Por isso, a abordagem vai ser meio desviante.
Na minha compreensão, um exame que tem como um dos principais objetivos selecionar os melhores estudantes para a vida acadêmica (e em boas universidades) deve propor questões discursivas, de todas as áreas. Obviamente, um acadêmico de Engenharia já precisa ter um conhecimento mais avançado de matemática do que um acadêmico de História. Aí seria o caso de se pensar em pesos diferentes, em questões específicas para cada área. Mas todas as disciplinas deveriam estar contempladas com questões discursivas.
Além das questões discursivas e, lógico, das objetivas, deve haver ou uma redação, como propõe o Enem, ou mais de uma proposta, com gêneros distintos, a exemplo da UFPR. Quem dá aula para o terceiro grau sabe que a maioria dos alunos se sai muito mal na hora de escrever um simples texto. E na faculdade, excetuando alguns casos, não há disciplinas para os estudantes melhorarem o nível de produção textual.
Enquanto não inventarem um sistema mais justo de seleção, o jeito é aperfeiçoar os existentes, e isso passa, no meu ponto de vista, pelo aumento do número de questões discursivas, de mais produção de textos e menos questões objetivas.
Ademais, não custa lembrar que uma redação exige interpretação de dados, domínio da norma culta (ou de registros conforme a situação), a construção de uma boa argumentação, capacidade lógica de quem escreve. Assim, é óbvio que o peso deve ser diferenciado.
Qual deve ser o peso da redação e como serão corrigidas as provas (por quem?) são duas questões sobre as quais podemos pensar.
Mas a ideia é exigir mais e não menos.
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