Há uma infinidade de gêneros textuais. Imaginemos, por exemplo, as diferenças entre um e-mail que mandamos para um amigo e o editorial de um jornal

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Recebi e-mail de uma estudante de pedagogia que me pergunta o que caracteriza um texto bem escrito. Sua dúvida é se existem regras quanto ao tamanho dos períodos, uso do vocabulário, número de parágrafos e por aí afora. Nesta coluna, sintetizo algumas considerações que fiz à minha leitora.

A questão que julgo ser a mais relevante é saber claramente que tipo de texto estamos fazendo e quem é exatamente o nosso leitor. É isso que orientará nossa composição escrita.

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Como sabemos, há uma infinidade de gêneros textuais. Imaginemos, por exemplo, as diferenças entre um e-mail que mandamos para um amigo e o editorial de um jornal. No primeiro caso, a aproximação entre nós e nosso colega nos permite usar uma linguagem mais coloquial, sem nos pautar exatamente naquilo que os gramáticos normativos condenam ao fogo do inferno. Por outro lado, não é nada provável que o leitor de um editorial – pensemos no leitor concreto da Gazeta do Povo – aceite uma linguagem senão em português padrão – além, é claro, de um texto com bons argumentos, que sustentem a opinião defendida.

Todo texto, em síntese, faz parte de um circuito em que tanto o gênero de linguagem quanto o leitor desempenham papel central na qualidade do que escrevemos. Considero, por exemplo, as colunas do Macaco Simão, da Folha de S. Paulo, verdadeiras joias de escrita. Também acho sensacionais as crônicas de Cristovão Tezza, que escreve todas as terças na Gazeta. Quem lê os dois autores, entretanto, nota facilmente que se trata de textos bem diferentes, com opções composicionais que em quase nada os aproxima.

Mas é claro: os dois autores pintam e bordam porque conhecem muito bem o português escrito. Ambos dominam exemplarmente questões de pontuação, uso de parágrafos etc. A ignorância, afinal, não propicia tantos acertos.

afernandes39@gmail.com