Uma das novidades que a internet nos proporcionou é a possibilidade de verificarmos (estou me referindo, principalmente, aos professores de Português) a produção escrita de nossos alunos em situação distinta daquela que normalmente é referência para nós, qual seja, a produção de textos que respondem às tarefas que pedimos. Ocorre que o mundo, gostemos ou não, se move para além das paredes da escola. E aí entra em cena um tipo de produção que responde a anseios que estariam, pelo menos em tese, distantes do ambiente escolar.
Sobre a produção de tarefas escritas, temos repetido à exaustão que nossos alunos se expressam, digamos, um pouco aquém daquilo que gostaríamos. Acho que muitos deles concordam com esse diagnóstico. Só lembrando: diagnóstico pressupõe um detalhamento do quadro. Portanto, estou pensando em casos nos quais os alunos são informados com precisão dos problemas que prejudicam seus textos.
Por outro lado, há situações em que nossos alunos podem ser flagrados em delito: fazem coisas que nós não mandamos fazer e, por incrível que possa parecer (ou por isso mesmo!), se saem bem. Alguns muito bem, por sinal. Estou falando dos blogs. Sempre dou uma espiadinha nos blogs dos meus alunos. Descubro que escrevem contos, poesias, crônicas e mais um monte de coisas. Claro: alguns são bem confessionais, e isso dificilmente granjeia minha simpatia. Claro: se eu disser que Graciliano Ramos é pouco perto deles, estarei sendo hipócrita.
Mas o fato é que os blogs demonstram que está surgindo uma janela bem interessante pela qual poderemos olhar os textos de nossos alunos. E, obviamente, também refletir sobre nossa prática pedagógica.
Sei de escolas que incentivam os estudantes a criarem blogs. Isso me parece uma idéia excelente. Não sei mais nada sobre o assunto. Ando interessado na idéia.
Adilson Alves é professor do Unicuritiba.